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Três perguntas para João Bosco, que lança show de 1978 em disco

Apresentação da turnê 'Tiro de Misericórdia' (1977), gravada em São Paulo, virou álbum pelo projeto 'Relicário', do Selo Sesc; confira a entrevista

Por Tomás Novaes
25 ago 2023, 17h46

Um show de João Bosco no Sesc Consolação em 1978 foi lançado como disco nesta quarta-feira (23), 45 anos depois, pelo Selo Sesc.

O álbum faz parte do projeto Relicário, que resgata áudios de apresentações realizadas em unidades do Sesc nas décadas de 1970, 1980 e 1990.

A apresentação, que aconteceu em 30 de março de 1978, fez parte da turnê de lançamento do disco Tiro de Misericórdia (1977), do ano anterior.

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A banda que acompanha o cantor e compositor mineiro, que na época tinha 31 anos, era formada por Chacal (1941 – 2011) (percussão), Darcy de Paulo (Fender Rhodes, arp strings e arranjos), Everaldo Ferreira (bateria), Moura (percussão) e Nilson Matta (baixo).

A direção musical foi assinada por Paulo Emílio (1941-1990), e todas as dezessete músicas são parcerias com o letrista Aldir Blanc (1946-2020). Confira a entrevista com o artista.

O que você lembrava desse show, e como o disco Tiro de Misericórdia (1977) se encaixa na sua trajetória?

O show de lançamento de um disco sempre traz uma leitura em retrospectiva dos trabalhos anteriores. Eu havia gravado quatro discos até aquele momento. O que está naquela apresentação é uma experiência que vinha se acumulando, ainda mais com a gravação da Elis Regina de Bala com Bala, em 1972. Toda essa trajetória deságua nesse show de 1978. Me lembro que tinha até uma espécie de programa que era distribuído na entrada do teatro, com fotos minhas, do Aldir e do Paulo Emílio, que estava fazendo a direção e a luz. Esse show já expunha de forma bem explícita a minha relação com a música africana. Tem uma abertura muito extensa, que começa com uma percussão bem rústica, que vai ganhando, no decorrer daquele batuque, um groove africano que desemboca em Gênesis, um texto do Aldir que transformei em música.

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Como surgiu a influência africana na sua sonoridade?

Foi Clementina de Jesus (1901-1987), entre 1975 e 1976, que me despertou uma certa África que existia dentro de mim, na minha ancestralidade. Isso se coloca de uma maneira muito explícita nesse show, e segue em frente, com uma africanidade mais ampla, e não só a que existia nas congadas de Ponte Nova (cidade natal de João). Mas também uma África oriental, através dos meus ancestrais árabes. Tudo isso desembocou em discos que aconteceram posteriormente, como Comissão de Frente, Gagabirô e Cabeça de Nego.

Em 1978, qual era o impacto da ditadura militar na sua atividade como músico?

As músicas geralmente passavam pela censura e saiam com a dificuldade daquele momento. Todos os compositores contemporâneos tinham essa mesma questão, tínhamos que ir à censura para negociar elas e descobrir qual era o problema. Canções como Caça à Raposa, O Ronco da Cuíca e O Mestre Sala dos Mares tiveram os seus percalços. A gente convivia com isso no dia-a-dia, mas seguíamos em frente. Nós ainda vivíamos momentos de uma transição gradual, lenta, que só se concretizaria a partir de 1985. Nessa época, eu e Aldir já estávamos trabalhando em músicas como O Bêbado e a Equilibrista. Me lembro que terminamos ela na virada de 1977 para 1978 — quando vim para o Rio de Janeiro, depois do Natal, eu já tinha esse samba.

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