Doze ótimos filmes que valem o aluguel, em plataformas como NOW e Looke
Entre os títulos estão o suspense O Chalé e o drama As Ondas, que ficaram inéditos nos cinemas brasileiros
Você já parou para pensar que o preço de uma locação é mais barata que o ingresso do cinema? E que mais pessoas podem assistir ao filme? Mesmo que você assine plataformas como Amazon Prime Video, Netflix e Globoplay, vale dar uma olhada em outros canais, como o NOW, Looke e Google Play, que têm sempre novidades fresquinhas, muitas delas com longas-metragens que ficaram inéditos nos cinemas brasileiros. Escolhi doze filmes que, na minha opinião, valem a locação.
O Chalé > Diretores austríacos de Boa Noite, Mamãe (2014), Severin Fiala e Veronika Franz redobram a criatividade em seu segundo longa-metragem e o primeiro em língua inglesa. Na trama, também escrita pelo par e filmada no Canadá, os irmãos Aiden e Mia (Jaeden Martell e Lia McHugh) são surpreendidos por uma fatalidade. Obrigados a morar com o pai (Richard Armitage), eles não aceitam Grace (Riley Keough, na foto) como madrasta, sobretudo por achá-la estranha. Mesmo assim, a boa convivência há de prevalecer durante as festas natalinas. O palco da reunião é numa cabana nas montanhas nevadas e isolada da cidade. A partir daí, os realizadores seguem com seus preciosos enquadramentos de câmera e ambiência de suspense constante num roteiro de reviravoltas e incertezas instigantes. Inédito nos cinemas. NOW, Looke, Google Play, Apple TV+ e outras plataformas de aluguel.
As Ondas > O diretor Trey Edward Shults confirma em o talento revelado em Ao Cair da Noite (2017). Troca, porém, o terror por um drama familiar muito bem dividido em dois atos. No primeiro, Tyler (Kelvin Harrison Jr.) tem 18 anos e sente-se pressionado. O pai, insensível, o incentiva a ser o melhor competidor de luta greco-romana, enquanto a namorada (Alexa Demie) revela estar grávida. Para piorar, o rapaz tem uma gravíssima lesão no ombro. A segunda parte é focada na irmã de Tyler, Emily (Taylor Russell), e em seu romance com o comportado Luke (Lucas Hedges). Embaladas pela envolvente trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross (a mesma dupla de A Rede Social), as duas trajetórias são conduzidas de formas distintas, mas de igual interesse. O ritmo frenético e pulsante da primeira metade cede espaço a um andamento mais cadenciado, ambos para mostrar no que resulta a incomunicabilidade entre pais e filhos. Inédito nos cinemas. NOW, Looke, Google Play, Apple TV+ e outras plataformas de aluguel.
A Guerra de Anna > Há apenas uma personagem no drama russo. A protagonista-título, interpretada com intensidade por Marta Kozlova, é uma garotinha que, após sobreviver ao massacre de sua família, se refugia numa escola de pintura, em 1941. Com o local cercado por nazistas e conterrâneos receosos em abrigar uma judia, Anna passa a viver escondida dentro de uma lareira. À noite, com os salões vazios, a menina sai à procura de água e comida. O filme do diretor Aleksey Fedorchenko quase não tem diálogos e sobrevive, em seus enxutos 74 minutos, de um registro duro e intimista da II Guerra. Sem apelos emocionais e embalado por situações aflitivas, o roteiro dá exemplo usando menos elementos para expor uma cruel realidade já muito explorada no cinema. Inédito nos cinemas. NOW, Looke, Google Play e outras plataformas de aluguel.
Partida > A sequência inicial de Partida flagra a tristeza e a desesperança da atriz Georgette Fadel diante da vitória de Jair Bolsonaro na eleição para presidente, em outubro de 2018. Ela decide, então, candidatar-se ao mesmo cargo quatro anos depois e, para isso, precisa de conselhos de um líder de esquerda. Seu destino, então, é o Uruguai, onde vai tentar um encontro com Pepe Mujica, que governou o país vizinho por cinco anos. Com uma pequena trupe de artistas e técnicos dentro de um ônibus, Caco Ciocler realizou um dos filmes mais inflamáveis da temporada. No fascinante híbrido de documentário e ficção, de encenações com diálogos genuínos, o ator/diretor coloca num espaço exíguo (e em constante movimento) opiniões opostas de um Brasil polarizado. As discussões acaloradas, que acabam exigindo uma posição do espectador, atingem um desfecho surpreendentemente emotivo, um caso do acaso que só contribuiu para bem finalizar um raro road movie político. Inédito nos cinemas. NOW, Looke, Google Play e outras plataformas de aluguel.
Uma Vida Oculta > Na linha de seu cinema poético, em narrativa desalinhavada lentamente, o diretor Terrence Malick arrisca um olhar bucólico e contemplativo sobre um caso real. Num vilarejo da Áustria, em 1939, o fazendeiro Franz (August Diehl) deixa a mulher (Valerie Pachner) e as três filhas para, obrigado, ingressar num treinamento militar. Volta algum tempo depois e percebe que seus vizinhos já foram tomados pelo discurso nazista de ódio e intolerância. Franz é da harmonia e da paz e recusa-se, inclusive, a doar dinheiro aos veteranos de guerra. Ele e sua família, então, são vistos como traidores da pátria e, por tabela, ignorados e/ou maltratados pelos conterrâneos. O protagonista resiste até onde pode. Contudo, em 1943, é forçado a alistar-se e, persistente, nega-se a fazer o juramento a Hitler. NOW, Looke, Google Play e outras plataformas de aluguel.
O Homem Invisível > Releitura do clássico da literatura de H.G. Wells, só que menos fantástico e mais contemporâneo. Elisabeth Moss é uma arquiteta que, após constantes pressões e violência do marido, foge dele e encontra abrigo na casa de um amigo. Ela toma um baque, porém, ao saber que o ex cometeu suicídio e, por isso, herdou uma fortuna. Aos poucos, seu cotidiano se transforma num inferno quando se dá conta de que ele pode estar vivo e, invisível, quer deixá-la maluca. NOW, Looke, Google Play e outras plataformas de aluguel.
Testemunha Invisível > Laura e Adriano, personagens de Miriam Leone e Riccardo Scamarcio, são amantes e entram numa enrascada quando sofrem um acidente de carro numa estrada deserta e o saldo é a morte de um rapaz. Ele começa a narrar sua tragédia a uma advogada, que pretende defendê-lo da acusação de assassinar Laura. Muitas reviravoltas e um desfecho-surpresa aguardam a plateia. NOW.
A Despedida > Awkwafina mostra mais versatilidade do que nos estereótipos asiáticos impostos a ela em sátiras como Podres de Ricos. O título e o ponto de partida dão uma ideia equivocada do enredo. Há, sim, uma personagem doente e com poucos meses de vida, mas a diretora e roteirista chinesa Lulu Wang opta pelo caminho do humor. Awkwafina interpreta Billi, uma estudante de Nova York que, ao saber que sua querida avó (a formidável Shuzhen Zhao) está com câncer terminal, vai à China para uma visita. Inédito nos cinemas. NOW, Looke, Google Play e outras plataformas digitais de aluguel.
Um Cão Latindo para a Lua > Ganhou uma menção do júri da premiação do Teddy, voltado a filmes de temática LGBT, no Festival de Berlim 2019. Não espere, contudo, algo muito explícito no primeiro longa-metragem da diretora chinesa Lisa Zi Xiang. Inspirado em suas próprias experiências de vida, a realizadora aborda, com coragem e transparência, sobretudo na fechada sociedade chinesa, a homossexualidade na maturidade. Xiaoyu (Siqin Gaowa) chega a Pequim para visitar os pais. Ela veio dos Estados Unidos, está grávida e acompanhada do marido gringo. Há um certo desconforto na recepção e, aos poucos, o roteiro vai colocando as cartas na mesa. Sua mãe (Naren Hua) não se conforma por ter um marido homossexual e, para isso, frequenta uma espécie de seita que diz ter a cura gay. Inédito nos cinemas. NOW.
Corpus Christi > Foi o representante da Polônia no Oscar 2020 de melhor filme internacional e perdeu para o sul-coreano Parasita. Na trama, Daniel (o estupendo Bartosz Bielenia) sai de um centro de detenção para trabalhar numa fazenda no interior da Polônia. Castigado pela vida e com a violência entranhada em sua rebelde personalidade, ele é confundido, na chegada ao vilarejo, com o padre substituto da igreja local. Decide, então, se passar pelo pároco, celebrar missas (sem a mínima noção de seu papel) e até ouvir confissões. Inédito nos cinemas. NOW, Looke e outras plataformas de aluguel.
Os Olhos de Cabul > Os primorosos traços à moda antiga da animação são como aquarelas em movimento. E sua história mantém o interesse ao enfocar os dramas dos habitantes de Cabul, no Afeganistão, durante o regime talibã. Numa ponta do roteiro está o casal Mohsen e Zunaira, professores que tiveram sua liberdade cerceada. Do outro lado do enredo encontra-se Atiq, um senhor que trabalha como carcereiro de um presídio feminino cuja esposa, Mussarat, tem câncer em estágio terminal. Os personagens terão seus destinos cruzados por causa de uma fatalidade. Inédito nos cinemas. NOW, Google Play, Apple TV+ e outras plataformas de aluguel.
Bons Meninos > Lucas, Max e Thor têm por volta de 12 anos e moram num condomínio. Estão na fase da transição da infância para adolescência e, por isso, falam sobre masturbação, beijo de língua e sexo — e sem saber o significado de cada coisa na prática. Ao ter o drone de seu pai confiscado por duas jovens, Max vai com os amigos empreender uma aventura para conseguir dinheiro. E isso inclui negociatas, roubos e até compra de drogas. Inédito nos cinemas. NOW, Google Play, Apple TV+ e outras plataformas de aluguel.
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