Filmes resgatam histórias e polêmicas de lendas da música
Recém-lançado nas plataformas digitais, documentário sobre os Bee Gees é uma das atrações. Confira outras dicas
Quatro novos documentários que chegaram às plataformas digitais resgatam grandes nomes da música. É claro que, quando você gosta do som, o filme te agrada mais. Isso aconteceu comigo nos documentários sobre os Bee Gees e Charles Aznavour. Embora eu não curtisse o som dos Beastie Boys, o formato do doc é bem bacana. Confira abaixo minhas dicas.
The Bee Gees — How Can You Mend a Broken Heart > Quem não dançou ou ao menos chacoalhou o esqueleto ao ouvir Stayin’ Alive e Night Fever, duas das mais emblemáticas canções dos Bee Gees, que fazem parte da trilha sonora de Os Embalos de Sábado à Noite (1977)? O trio anglo-australiano, porém, vai muito além dessas músicas e é o que desvenda o novo documentário. Com a morte dos gêmeos Maurice (1949-2003) e Robin (1949-2012), restaram as memórias de Barry Gibb, hoje com 74 anos. Embora ele relembre momentos de uma carreira com glórias e declínios, o diretor Frank Marshall acerta mais no ótimo compilado de sons e imagens para mostrar a história dos irmãos, que saíram da Austrália, em 1967, para tentar a carreira na Inglaterra dos Beatles. I Started a Joke estourou e os Bee Gees ficaram famosos, mas, com 20 e poucos anos de idade, entraram num turbilhão de emoções, com o assédio de fãs e discórdias pessoais. Decidiram dar um tempo e voltaram a se reunir em 1971, quando lançaram o hit How Can You Mend a Broken Heart. A partir daí, a trajetória foi marcada por desencontros, experiências em outros gêneros musicais, mudanças (para os Estados Unidos, por sugestão de Eric Clapton) e praticamente um renascimento das cinzas quando o produtor Robert Stigwood os convidou para compor algumas canções para o longa-metragem Saturday Night Fever, com os embalos de John Travolta. Há ainda um capítulo sobre o caçula e também cantor Andy Gibb (1958-1988). O realizador não economiza nos fatos e na quantidade de imagens em quase duas horas de duração. Prepare-se, portanto, para um memorial recheado de muitas informações. NOW, Looke e outras plataformas de aluguel.
Notorious B.I.G. — A Lenda do Hip Hop > A vida de Christopher Wallace não foi fácil. Nascido em 1972, ele não conheceu o pai e foi criado pela mãe numa das áreas mais pobres e perigosas do Brooklyn, em Nova York. Aos 14 anos, largou a escola para ganhar dinheiro com o tráfico de crack. Tinha, porém, um dom: criar letras, muitas vezes autobiográficas, do gênero conhecido como gangsta rap. Começou a nascer aí The Notorious B.I.G., que caiu nas graças do produtor Puff Daddy, gravou discos, ganhou fama e dinheiro. Em 1997, aos 24 anos, foi assassinado. O filme passa a limpo a trajetória dele com imagens de arquivo e depoimentos de amigos, da mãe, nascida na Jamaica, e da viúva, entre outros. O formato é quadrado e convencional e há omissão, por exemplo, de suas passagens pela prisão. Não deixa, contudo, de prestar uma justa homenagem àquele que é considerado um dos maiores rappers da história. Netflix.
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Beastie Boys Story > Os fãs do Beastie Boys podem até estranhar a ausência da anarquia que caracterizou a banda teen entre as décadas de 80 e 90. Mas há que reconhecer o formato original do documentário/espetáculo, dirigido pelo badalado Spike Jonze, de Quero Ser John Malkovich (1999) e Ela (2013). Como numa apresentação de stand-up, Michael Diamond (o Mike D) e Adam Horovitz (Ad-Rock) receberam o público, em 2019, no belíssimo Kings Theatre, no Brooklyn — Adam Yauch (MCA), o terceiro integrante, morreu de câncer em 2012, aos 47 anos. A dupla, então, relembra toda a trajetória da irreverente “boy band”, que marcou época por ser o primeiro grupo de brancos a adentrar o rap, gênero dominado pelos negros de Nova York. Num telão ao fundo do palco são projetadas imagens de época, com entrevistas, momentos emblemáticos e videoclipes. Entre as recordações, os “tiozinhos” assumem os erros de uma carreira de altos e baixos e deixam aflorar a emoção nos minutos finais. AppleTV+.
Aznavour por Charles > Charles Aznavour (1924-2018) tinha horas e horas de filmagens, em super-8 e 16mm, captadas de 1948 a 1982. Elas nunca foram vistas — até que o cantor ofereceu o material ao amigo Marc Di Domenico, que concebeu o criativo documentário. Ao longo de enxutos 75 minutos, o filme traz imagens aleatórias feitas em suas turnês mundiais, passando da Bolívia ao Japão, de Hong Kong a Nova York, de Moscou a Erevã, a capital da Armênia, terra natal de seus pais. Além de filmar, ele também gostava de ser registrado — e aí surgem sequências nostálgicas ao lado de divas como Edith Piaf, Catherine Deneuve e Anouk Aimée. Uma das vozes mais conhecidas e marcantes do cancioneiro francês, Aznavour também foi ator em mais de setenta produções, como o clássico Atirem no Pianista (1960), de Truffaut. O longa-metragem, porém, não se resume a um mero compilado de imagens antigas e traz narração em primeira pessoa do astro Romain Duris, que revela a tumultuada vida de Aznavour — dos três casamentos à morte de seu primogênito, por overdose. E, claro, há canções emblemáticas como La Bohème e She. NOW, Looke e outras plataformas de aluguel.
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