Cineasta iraniano critica Trump e não vai ao Oscar
Asghar Farhadi tomou a decisão após a medida do presidente americano de vetar a entrada de visitantes de sete países muçulmanos
A medida do presidente americano Donald Trump de impedir a entrada nos Estados Unidos de visitantes de sete países de maioria muçulmana repercutiu no Oscar. Neste domingo (29), o diretor iraniano Asghar Farhadi, que concorre ao prêmio de melhor filme estrangeiro por O Apartamento, em cartaz na cidade, disse que, mesmo que haja uma exceção em seu caso, não pretende comparecer à cerimônia.
O veto de Trump atinge os cidadãos vindos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen. Farhadi, que já ganhou um Oscar, em 2012, pelo excelente A Separação, soltou um grande comunicado à imprensa. “Lamento anunciar, através desta declaração, que decidi não participar da cerimônia de entrega dos prêmios da Academia. “Ses” e “mas” não são aceitáveis para mim, mesmo que existam exceções para minha viagem. Expresso aqui meu repúdio às condições injustas impostas a alguns dos meus compatriotas e aos cidadãos dos outros seis países que tentam entrar legalmente nos Estados Unidos. Esperamos que a situação atual não dê origem a uma maior divisão entre as nações”, escreveu o cineasta iraniano.
Farhadi foi mais detalhista: “Ao longo dos últimos dias, e apesar das circunstâncias injustas que surgiram para os imigrantes e viajantes de entrar nos Estados Unidos, minha decisão permaneceu a mesma: ir ao Oscar e expressar minhas opiniões sobre isso. Eu não tive a intenção de não participar nem quis boicotar o evento como uma demonstração de objeção, pois sei que muitos na indústria cinematográfica americana e na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se opõem ao fanatismo e extremismo. No dia em que os candidatos foram anunciados, eu disse ao meu distribuidor nos Estados Unidos que estaria participando junto do meu diretor de fotografia e continuei acreditando que estaria presente”.
O realizador completou que em seu país a situação não é muito diferente e fez uma crítica a Trump. “Durante anos, em ambos os lados do oceano, grupos de linha dura tentaram apresentar a seus povos imagens irrealistas e temerosas de várias nações e culturas para transformar suas diferenças em desacordos, seus desentendimentos em inimizades e suas inimizades em medos. Insuflar o medo no povo é uma ferramenta usada para justificar o comportamento extremista e fanático por indivíduos de mente estreita”.
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