“É sempre difícil se despedir de algo que você faz durante tanto tempo”, diz o jornalista Márcio Gomes, 49. Após 24 anos na Rede Globo, ele foi contratado pela CNN Brasil, escolhido para apresentar o novo programa CNN Prime Time, que estreia em 9 de novembro, às 18 horas. Após ser convidado pelo canal instalado na Avenida Paulista, o período de negociações seguiu com a autorização da Globo. “O salário contou muito, mas proposta financeira e de trabalho, a combinação das duas, é o que me convenceu a ir.”
Além de ganhar destaque neste ano com o quadro Combate ao Coronavírus, Márcio Gomes é um dos poucos jornalistas globais que já apresentaram todos os telejornais diários da emissora. “Sempre quis trabalhar em televisão, mas era muito tímido, nunca imaginei que fosse ficar em frente às câmeras”, confessa. “O que me atraiu para o jornalismo foi essa possibilidade de denunciar, apontar um problema e fazer entrevistas importantes.”
Durante cinco anos, também foi correspondente no Japão. “Os anos que passei em Tóquio foram os melhores da minha vida, lá era outro planeta, de tão diferente”, recorda-se. “Levei a família inteira comigo, mulher e dois filhos, e isso abriu a nossa mente. Fora as roubadas em que eu, meu produtor e meu cinegrafista nos metíamos juntos.” Uma delas ocorreu logo nos primeiros meses, quando um tufão devastou as Filipinas em 2013. “Foi minha primeira cobertura fora do Japão, sem termos comida ou água, uma estreia em grande estilo.” Desde então herdou parte da filosofia japonesa para a vida profissional no Brasil. “O espírito do ‘faça seu melhor’ que eles têm lá me impulsiona muito.” É casado com a jornalista Taiga Corrêa Gomes há 21 anos. Conheceu a esposa já na Globo. “O Japão nos ensinou muita coisa também, como apreciar o chá-verde e o saquê, tirar os sapatos antes de entrar em casa e adorar os banhos de imersão na água bem quente”, conta. “Por lá ela estudou muito e hoje dá palestras sobre a vida no Oriente.”
Nas redes sociais, ele viralizou ao ensinar o passo a passo para fazer uma máscara caseira e ao dar explicação didática sobre os dados da Covid-19 no Jornal Nacional. “Acabo acompanhando e gosto muito, mas não deixo que suba à cabeça. Na televisão, sei que a pessoa se distrai com o lencinho do seu bolso, com o novo par de óculos, mas tento focar na informação”, pondera. “Depois de conseguir passar por todas as etapas de uma redação, percebi que poderia ser multifunção, como qualquer profissional hoje precisa ser. No meu caso, significa apresentar, ser repórter, editar, pensar na pauta… E a partir daí se divertir no trabalho.”
Publicado em VEJA São Paulo de 4 de novembro de 2020, edição nº 2711.
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