Prédios não cobrem paredão da Praça dos Franceses, dizem arquitetos
Autores do projeto na Bela Vista respondem a queixas de moradores do condomínio vizinho
A Veja SP, em sua última edição, deu destaque a queixas de moradores do Condomínio Praça dos Franceses sobre um futuro projeto residencial localizado na Rua Almirante Marques de Leão (“Não no meu quintal, na Bela Vista”). Pensado para todos, o projeto pretende contribuir para a solução de problemas estruturais do entorno imediato, do bairro e da cidade.
Nos anos 70, quando o Condomínio Praça dos Franceses, cujo fundo faz divisa com o projeto, foi incorporado, o lote com frente para a Rua Alm. Marques de Leão foi desmembrado em matrícula independente, com a restrição vitalícia de “somente levantarem, sobre o terreno de sua propriedade, edificações (…) cuja altura máxima não ultrapasse a cota de 2,50 m, acima do nível da Rua dos Franceses”.
A proposta arquitetônica do novo projeto respeita esta restrição de forma a garantir a manutenção das vistas, da insolação e da ventilação do condomínio vizinho.
Convém destacar que, para quem vive e circula pela Rua Alm. Marques de Leão, restou apenas o paredão do estacionamento do Praça dos Franceses e um terreno estreito e sem vida com 150 metros de frente. Após cinquenta anos, o novo Plano Diretor do Município permitiu dar vida a esse terreno baldio.
O projeto em questão pretende trazer benefícios importantes para o entorno: amplo passeio para pedestres, fachada ativa com comércio e “olhos na rua” por conta da ausência dos recuos frontais. Sem vagas para veículos, a rua ganhará novos pedestres e ciclistas, já que todas as unidades terão vaga para bicicletas.
Apesar de ser composto somente de dois blocos, com dois acessos independentes, a sua fachada organiza o conjunto em seis volumes geminados, cada um com sua linguagem. Essa solução minimiza a percepção da extensão do edifício e remete às residências geminadas no início da rua, tombadas pelo patrimônio histórico, e ao próprio Condomínio Praça dos Franceses, situado logo acima, com sete edifícios justapostos e deslocados.
A proposta ainda dá vigor a um processo necessário de requalificação do bairro, tombado em 2002, mas dificultado pelo processo de espalhamento da cidade nas últimas décadas. Com valor histórico e cultural, além de excelente infraestrutura, próximo a equipamentos de serviço, comércio, lazer e cultura, o bairro da Bela Vista, que já foi sinônimo da vida boêmia paulistana, tem tudo para se beneficiar do processo de reocupação iniciado nos últimos anos.
Para a cidade, que vive a tragédia da desigualdade e do déficit habitacional, os benefícios são inquestionáveis: habitação qualificada, salubre, bem localizada — reduzindo a necessidade de investimentos em saneamento e transporte para regiões distantes — e a materialização dos objetivos urbanísticos de uma cidade compacta, dinâmica e sustentável.
Convidamos a vizinhança, o bairro e a cidade a conhecer e abraçar este projeto, que é exemplo da nossa vocação maior: projetar para todos.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 3 de junho de 2020, edição nº 2689.
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