Moradores organizam protesto contra cercamento da Praça Pôr do Sol
Aprovada pela prefeitura, instalação de alambrados é defendida por duas associações de bairro; vizinhança fez abaixo-assinado para barrar a obra
Após convencerem a prefeitura a instalar um alambrado em torno da Praça Pôr do Sol, no Alto de Pinheiros, as associações de moradores do bairro enfrentam oposição à nova obra, que vai custar 652 953,78 reais no total — uma instalação pleiteada pelo movimento “não no meu quintal” da região e paga pela gestão municipal. “Parece um campo de concentração”, define Flávio Scavasin, que integra o grupo de vizinhos unidos contra a praça fechada. O pedido da obra foi feito pela Associação Amigos do Alto de Pinheiros (Saap) e pela Associação de Moradores de City Boaçava. “Não fizeram qualquer consulta à sociedade. Um abaixo-assinado nosso já tem 1 500 nomes enquanto essas duas associações representam pouquíssimas pessoas.”
Para Flávio, a praça deveria ser considerada um mirante em área urbana aberto para visitação e casos envolvendo barulho, violência e depredação (entre as principais queixas das associações) poderiam ser resolvidos com policiamento e fiscalização. “É um tiro no pé a prefeitura manter aquilo”, critica. Neste domingo (28), às 16h, o grupo planeja um ato simbólico em frente à praça com um “grande abraço contra o cercamento”.
Marcia Kalvon Woods, presidente voluntária da Saap, questiona a estrutura do grupo. “Quem nos questiona é zero transparência, sem liderança e nem assinatura tem. Nós temos uma governança, estatuto, prestamos contas”, justifica. “E também achamos que praça não deve ser fechada, exceto à noite, pois é quando acontece a depredação. Desde 2014 tentamos alternativas para revitalizar a praça, então é muito fácil ser contra. Espero que essa mobilização e comoção durem.”
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Em nota, a prefeitura afirma que a obra irá atuar para a conservação do local, “que contém características de parque e recebe grande quantidade de frequentadores.” Os horários de fechamento e abertura do local, assim como sua capacidade, estão em fase de estudos. “Foram instalados alambrados em vez de grades, por ser mais econômico”, diz a prefeitura.
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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de março de 2021, edição nº 2727