Filho de doméstica passa em medicina na USP e chega a Harvard
Rafael José da Silva fez vaquinha virtual para estudar nos Estados Unidos
A curta e vitoriosa trajetória de Rafael José da Silva, de 19 anos, merece todo o mérito. Filho de um pedreiro e de uma doméstica de Santa Catarina, ele foi aprovado no curso de medicina da USP há dois anos. Passou sem nunca ter estudado em colégio particular ou feito cursinho.
Neste ano, quando completa o segundo ano de faculdade, o aluno comemora outro feito: a aprovação de uma bolsa de estudos em Harvard, a universidade de maior prestígio dos Estados Unidos. Havia um porém. O estágio não é remunerado e ele teria de arcar com a sua manutenção fora do Brasil. O gasto estimado seria de 50 000 reais, entre passagem, seguro-saúde, alimentação e acomodação em Boston.
“Decidi fazer um financiamento coletivo no Catarse”, diz. Ele não ofereceu nada em troca, a não ser a sua gratidão. Em menos de duas semanas, ele conseguiu ultrapassar a marca desejada. “Não imaginaria que daria rápido em tão pouco tempo.” Até o domingo (5), arrecadou 87 000 reais.
A doação começava com 20 reais. Algumas pessoas chegaram a doar 1 000. Sem essa ajuda, a ida para Harvard seria impossível. A renda familiar de sua família é de 2,5 salários mínimos. Aqui em São Paulo, o aluno de medicina vive na Casa do Estudante de Medicina, alojamento para os estudantes de baixa renda.
Rafael nunca entrou num curso de inglês. Tudo o que ele sabe – e sabe muito – se deu pelos livros, músicas, filmes e séries. “Eu não tenho o certificado do Toefl; realizei uma entrevista para Harvard por Skype, quando o avaliador viu o meu nível inglês.’
O estudante ainda não sabe qual especialização deverá seguir. “Gosto muito de cardiologia e cirurgia.”