Alfaiate que vestiu presidente Lula inaugura loja em Moema
Alexandre Won abre as portas com nova linha masculina de peças para pronta entrega
Após trabalhar por quase vinte anos a portas fechadas — e conquistar clientes como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o empresário Roberto Justus —, o alfaiate Alexandre Won acaba de criar sua primeira linha masculina de peças para pronta entrega.
Calças, jaquetas, parcas, trench coats e costumes vão ocupar a vitrine do seu ateliê renovado em Moema, que agora passa a funcionar como showroom e ficará aberto para receber o público de segunda a sexta.
“Como estamos na Rua Normandia, tombada pelo patrimônio histórico, reformei sem mudar nenhuma característica original, deixando as paredes e a estrutura da casa à mostra”, explica.
Em tiragens limitadas, suas criações virão da Itália em lotes mensais e em breve serão distribuídas em outras multimarcas da cidade. “Visitei Nápoles quatro vezes até conquistar a confiança dos fabricantes e conseguir um fornecedor”, conta.
Na campanha de estreia, estrelada pelo ator Chay Suede, alguns dos destaques são a camisa de algodão, vendida a partir de 1 980 reais, e o costume de linho, de 13 800 reais.
O atendimento sob medida continua no mesmo endereço — mas, neste caso, uma calça e paletó não saem por menos de 19 900 reais.
Foi um desses conjuntos que o presidente da República vestiu no casamento com a primeira-dama Janja e durante a posse no Congresso Nacional, em 2023.
“Ficamos uma hora e meia sozinhos batendo papo sobre vida e política”, recorda Won. “Não lembro quem foi o primeiro famoso que vesti, mas logo em seguida a Globo me procurou e assim vieram os atores e empresários.”
A entrada do paulistano na alfaiataria e no mercado de luxo, porém, aconteceu pelo desejo de se vestir bem. “Nada atendia minhas expectativas. Eram sempre as peças pesadas com ombreira e nas cores comuns, como cinza e preto.”
Advogado de formação, ele começou a produzir as próprias roupas como autodidata e acabou largando a antiga profissão. “No início, não tinha literatura para estudar, nem escola ou faculdade, e cursos são raríssimos. Com o tempo, encontrei parceiros que me ajudaram com a parte técnica.”
No lugar dos cortes clássicos e sisudos, ele investe em tons alegres e versões mais leves e tropicalizadas, sem muitas dobras.
“Nada de calças justas, nunca gostei disso”, crava. “Sempre busco conceitos além da moda, como na arquitetura, e costumo fazer umas doze viagens por ano, que me dão critério estético para compor meu próprio equilíbrio.”
Publicado em VEJA São Paulo de 5 de abril de 2024, edição nº 2887