Time is honey
O padrão de vida ocidental induz as pessoas a realizarem múltiplas tarefas em intervalos restritos de tempo, quando não simultaneamente. Tem-se a impressão de que, para ter valor, é preciso ter muitos compromissos ao longo da vida, do ano, do mês, da semana, do dia. Ter a agenda cheia de anotações e compromissos significa aparentemente […]
O padrão de vida ocidental induz as pessoas a realizarem múltiplas tarefas em intervalos restritos de tempo, quando não simultaneamente. Tem-se a impressão de que, para ter valor, é preciso ter muitos compromissos ao longo da vida, do ano, do mês, da semana, do dia. Ter a agenda cheia de anotações e compromissos significa aparentemente que você não está perdendo tempo.
Há uma metáfora que uso desde a época de faculdade para descrever o cumprimento de tarefas mas que percebo que é compartilhada por muitas pessoas. Assim, embora eu tenha convicção de que ela saiu da minha cabeça (pensei nisso num dia em que, enquanto fazia trabalhos da faculdade, ouvi um amigo de república falando de um número de circo que me fez sentir como se fosse eu mesmo o artista), deve ter saído naturalmente também da cabeça de muitas outras pessoas, de modo que peço que não me acusem de plágio.
Trata-se do equilibrista de pratos. O número consiste basicamente de uma sequência de varetas presas ao chão sobre as quais o equilibrista coloca pratos que ficam girando (um por vareta). Ele faz o primeiro girar. Deixa-o assim e parte para a segunda vareta e depois para a terceira. Ele faz isso sucessivamente até que o primeiro prato começa a bambear. Nesse momento ele volta até a primeira vareta e imprime novo fôlego ao movimento de rotação daquele prato. De agora em diante ele vai alternando sua atenção entre os pratos, de modo que evita que qualquer um deles caia ao chão. Quanto maior a habilidade do artista, maior o número de varetas.
O modo de vida ocidental, principalmente nas grandes cidades, torna as pessoas parecidas com o equilibrista de pratos. Não parece possível relaxar. Você tem que se dedicar a muitas tarefas com destreza, sendo cada uma delas como um prato girando sobre a vareta. Vez por outra um prato cai. Mas é raro alguém largar seus pratos. Esse esforço todo normalmente leva a lugar nenhum. O artista de circo tem boas razões para girar os pratos… é sua carreira, afinal. Mas não é bom que seja assim na vida cotidiana. Como no circo, pode ser que alguém lhe aplauda pelo feito. Mas não representa mais que entretenimento. Qual é realmente a importância, para você, das tarefas com as quais lida diariamente? Algumas pessoas dizem que é impossível não se tornar um equilibrista de pratos… pois todos têm obrigações com as quais lidar… todos têm que pagar suas contas. Time is money! É o que aprendemos do Tio Sam. Mas, se realmente nos debruçarmos sobre a questão “O que é importante para mim?”, talvez descubramos que há muitas coisas mais importantes do que ganhar dinheiro e cumprir nossas obrigações. Nosso tempo é precioso demais para dedicarmos ao cumprimento de nossas obrigações, simplesmente. Nesse sentido, sempre digo que, na verdade, time is honey!
Se a vida cotidiana pudesse ser mesmo como um número circense, melhor seria que fosse o da bailarina equilibrando uma bola. Ela se dedica apenas à bola naquele momento. E o faz com leveza. Nossa vida pode ser assim também. Mas, para isso, precisamos aprender a estabelecer nossas prioridades.
Vou retomar esse assunto em breve. Por isso, proponho um exercício para que você faça até que retomemos o tema. Elabore uma lista em ordem decrescente de prioridade a partir da questão apresentada acima: “O que é importante para mim?”. Se puder (e não se importar de ter sua lista eventualmente divulgada), envie para emterapiacomarnaldo@gmail.com. Em breve traremos o assunto de volta.
O que você quer equilibrar: bola ou pratos?