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Conheça o “slow sex”, meditação tântrica para unir casais

Em curso de tantra com discípulos do Osho, repórter conhece e experimenta prática sexual poderosa

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 3 mar 2020, 17h59 - Publicado em 6 fev 2020, 15h26
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  • Sabe aquela tradicional redação do colégio com o tema “minhas férias”? Pois este texto remete um pouco a essa lembrança (risos). Entre 14 de agosto e 3 de setembro, tirei um período fora da redação para encarar o Tantra Training, um treinamento em três módulos sobre a filosofia milenar indiana. No Brasil, ocorre só duas vezes por ano em um curso de imersão na Osheanic, uma espécie de “resort bicho grilo” em Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza, capital cearense.

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    Fiz as duas primeiras partes que abordam algumas vertentes dessa doutrina: o aprimoramento dos sentimentos, empatia e sexualidade (o terceiro módulo ensina a interpretar o outro, “lendo sua energia”, indicado para formar terapeutas). A proposta é questionar condicionamentos limitantes e apresentar uma nova perspectiva de intimidade.

    Estudo tantra desde 2017 e constatei que a prática proporciona uma melhora no humor, no corpo, traz mais vitalidade, além de um prazer que vara noites, um tempo beeeem além dos habituais 6 minutos, a média de duração de uma transa “normal”.

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    Com meu "paridade" no curso: inesquecíveis aprendizados sobre o amor no resort "bicho grilo"
    Com meu “paridade” no curso: resort “bicho grilo” e aprendizados sobre o amor (Acervo Pessoal/Veja SP)

    Feliz da vida ao lado do meu namorado (ou paridade, como se chama o parceiro nesse tipo de curso), desembarquei na terça (14), véspera do início do workshop. As aulas ficam sob a tutela de Homa e Mukto, como se apresentam, dois amigos de jornada. Durante décadas, eles seguiram o polêmico guru indiano Osho, falecido em 1990. Aliás, por isso explica-se o nome do local, Osheanic, um misto de Osho com o oceano, que fica a 3 quilômetros dali 😉

    Ok, quem sabe da biografia desse líder torce o nariz para episódios no mínimo “brochantes”, como o ataque de intoxicação em massa nos Estados Unidos promovido por seus fiéis. Mas acredito que seu legado supera os tropeços: ele admitia as fragilidades humanas, dizia que cada um de nós é Deus (ou Deusa), além de pregar o amor e a liberdade.

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    Mas vamos ao curso. Na primeira parte, havia mais de cinquenta pessoas de todo canto do mundo e apenas cinco casais. Entre os solteiros, o clima de paquera explícita rolava solto, afinal, seria necessário escolher um parceiro para encarar a segunda etapa, que requer uma série de práticas pra lá de íntimas.

    Há muitos exercícios físicos e pouco papo (exceção das partilhas intermináveis, em uma espécie de terapia em grupo, uma vez por dia). A ideia é “desligar a mente” e prestar atenção às necessidades do corpo. Acredite: por meio da respiração, a gente acaba acessando, tomando consciência e, com o tempo, também exorcizando uma série de traumas. Além disso, o corpo se enche de energia, surge uma vitalidade “do nada” que rejuvenesce décadas. Lembra a letra da música do Queen na trilha sonora de Highlander – Guerreiro Imortal: “It’s a kind of magic!”

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    Mas lá depois da quinta aula, rola um susto. Nada de sexo, nem gozos por ora, pedem os mestres. “Mesmo entre casais?!”, pergunto incrédula. Eles explicam que se trata de uma forma de “guardar energia” para a parte 2. 

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    A mim e meu namorado, esse monte de regras nos deu uma certa aflição. O resort possui sentinelas, com uma arquitetura externa que lembra um presídio. Cada aluno é obrigado a ficar hospedado lá. Os quartos, que pecam na manutenção e na limpeza, são visitados por pererecas à noite, o que não proporciona exatamente um “cenário romântico”, muito pelo contrário. E quem reclama aos funcionários (boa parte, discípulos de Homa e Mukto) algo como o chuveiro queimou, ouve uma resposta “espiritualizada”, na linha “vamos tentar resolver essa questão, mas talvez isso faça parte do seu processo e você deva andar descalço para descarregar sua energia na terra”. Complicado, ainda mais se você pagou quase 10 000 reais por pessoa pelo pacote de 20 dias de experiência…

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    Além do bufê só com iguarias vegetarianas (e a vontade de comer um camarão na praia?), uma programação intensa, fora iniciar o dia com uma meditação cheia de gritos e pulos religiosamente às 7h da manhã. “E agora a gente não pode mais nem gozar?! Aaaahhhh!!!”

    Amigos garantiram que esse regime tântrico-militar do curso promovido pela empresa Undo Brasil funciona e, engolindo o mau humor, obedecemos e prosseguimos. A primeira parte terminou dia 25 de agosto e após o “expurgo” dos traumas, além de três dias (deliciosos) de intervalo em um hotel à beira mar, vem a tão esperada continuação.

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    “Slow sex”

    A grande sacada da parte dois, frequentada apenas por casais, é o “slow sex”, inspirada nos livros The Heart of Tantric Sex, de Diana Richardson, e The Art of Sexual Ecstasy, de Margot Anand . Homa torce o nariz para o termo, pois se trata na realidade de uma meditação, algo que é realizado quando os dois se colocam “no espaço do coração”. Na prática, a mulher se deita na direção do pênis. Deitados, os dois corpos formam uma espécie de “T”, com a mulher na vertical e o homem na horizontal. A virilha é o ponto de encontro. A perna da parceira que está mais perto do tronco do parceiro se apoia no quadril dele. A outra perna dela fica entre as pernas dele.

    Nessa posição, homem e mulher ficam se olhando, no mínimo, durante vinte minutos. Quando inspiro, o quadril vai ligeiramente para trás (bem, de forma mais explícita, “empina a bunda”) e, na expiração, o quadril vai para frente. Enquanto o homem inspira, a mulher expira. E vice-versa. No início, não precisa nem de ereção. Na verdade, não precisa de ereção no início, no fim nem no meio.

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    Aos tímidos, vale a pena alertar: na sala de aula, durante as práticas coletivas, os casais ficam nus e, além disso, pratica-se o “slow sex” na frente de todos. E dá-lhe concentração para isso…

    Até pensei em colocar aqui uma ilustração, mas os mestres alertaram que é preciso “ter muita calma nessa hora”. “Essa meditação promove uma conexão extremamente poderosa entre as duas pessoas, além disso, um dos praticantes pode acessar algum trauma, aí, a experiência se complica quando não há um preparo”, alerta Homa.

    Uma das minhas colegas, por exemplo, relatou uma verdadeira “noite do terror” por desobedecer essa regra. A bonita resolveu fazer uma massagem tântrica no “boy”, crente que se promoveria à “diva inesquecível do sexo”, mas aí… “Ele acessou um episódio que aconteceu na infância e nunca mais nem retornou minhas ligações.” Para evitar constrangimentos, vale a pena praticar só com alguém que você poderia classificar como “relacionamento sério” no Facebook. E também que tenha alguma prática de tantra…

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    A post shared by Homa & Mukto (@homa_mukto)

    Bem, pelo menos três vezes por dia, meu namorado e eu praticamos o “dever de casa”. Na primeira vez, caí no sono. A gente está tão acostumado a seguir as coreografias sexuais de Hollywood (ou do Porn Hub mesmo), com aquele “quebra-tudo”, movimentos frenéticos, que ficar lá, deitado, paradinho, olhando o outro, movendo os quadris lentamente ao som de mantras equivale a uma doce canção de ninar.

    Com o tempo, a gente sente uma espécie de “ondas quentinhas e suaves” percorrerem o corpo. Um baita tesão, mas calmo. Dá para passar facilmente uma noite inteira assim ou, melhor, variando entre posições como o “flor de Lótus” e mesmo um “papai-mamãe”. Nessas duas, as bocas se aproximam. Aí, o processo ganha um “upgrade”.

    Homa e Mukto chamam o “slow sex” de meditação, mas admitem que o “processo” também pode evoluir para um “sexo normal”, desde que haja uma combinação prévia entre o casal. “Caso contrário, na próxima vez que alguém propuser a prática, o outro pode dar a famosa desculpa da ‘dor de cabeça’”, Homa diz, em tom de brincadeira. “Não somos contra o sexo selvagem, mas desde que feito com consciência. O sexo atualmente é processo opressor, cheio de coreografias, exigências… Dá para ser algo mais leve, mais evoluído”, completa Mukto.

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