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Lea DeLaria: ‘Quero ver drag queens e garotas de topless’

  Lea DeLaria é a mau-humorada Big Boo, em Orange Is The New Black. Apesar de declarar que ela e a personagem são as mesmas pessoas, a atriz apareceu sorridente segurando um copo de caipirinha em uma das mãos, às 11 horas, para um encontro com a imprensa esta semana em São Paulo. “Estou adorando […]

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 fev 2017, 22h05 - Publicado em 2 Maio 2014, 18h56
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Lea DeLaria: expectativa para a Parada do Orgulho LGBT

 

Lea DeLaria é a mau-humorada Big Boo, em Orange Is The New Black. Apesar de declarar que ela e a personagem são as mesmas pessoas, a atriz apareceu sorridente segurando um copo de caipirinha em uma das mãos, às 11 horas, para um encontro com a imprensa esta semana em São Paulo. “Estou adorando tudo”, disse, enquanto se ajeitava na cadeira. Lea veio para participar da Parada do Orgulho LGBT, onde desfilará em um trio exclusivo do Netflix. Ela – defensora fervorosa dos direitos dos gays – foi a primeira comediante a assumir sua homossexualidade em rede nacional nos Estados Unidos. Confira a entrevista:

O que você pensa sobre as paradas gays pelo mundo?

Acredito que toda vez que colocamos a nossa imagem à mostra tem um grande significado. Quando era criança, não existia o assunto. E se falavam sobre, era algo ruim. A Parada é importante para mostrarmos quem nós somos para o mundo. Acho importante para os mais jovens gays, eles entendem que “ok, eu sou assim e eu posso ser assim”.

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O que você espera ver na Parada de São Paulo?

Eu espero ver muitas penas e garotas de topless, drag queens, muita gente dançando, samba, batuques. Eu assisti a vídeos no Youtube e me parece ser a melhor festa de todo os tempos. Eu já vi muitas festas assim, mas acredito que esta é especial.

Como foi para você anunciar que era gay para o showbizz?

Foi muito fácil, afinal, olha para mim! Quem é que ia perguntar onde está o meu namorado? Foi muito simples. Antes de anunciar, eu fui uma comediante de stand-up por dez anos e, claro, eu falava da minha vida. Meu público era gay e ponto. Quando fui fazer o anúncio em rede nacional, eles contabilizaram: eu falei 46 vezes as palavras “gay”, “fag”, “queer” e “dyke” em onze minutos. Por muito tempo, eles me mantinham numa caixa. Eu só interpretava lésbicas. Depois do anúncio, comecei a interpretar outros papeis. Fiquei conhecida na Brodway porque interpretava homens, mulheres, lésbicas, hétero atrás de homens.

Lea DeLaria: 'Quero ver drags e mulheres de topless"

Lea DeLaria: ‘Quero ver drags e mulheres de topless’

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É mais fácil assumir ser gay hoje em dia?

É mais fácil? Sim, é mais fácil. Mas isso não significa que seja fácil. Eu pessoalmente tenho problemas com os gays que questionam por que alguém ainda não saiu do armário. Para mim, não é problema da pessoa e sim, da sociedade.  Nós, gays, não podemos nos culpar. Temos que apontar dedos – e os culpados são os outros.

A série  OITNB ajuda a diminuir essa barreira?

Absolutamente. É um programa visto pelo mundo todo e tem muitos gays na produção, como atores e escritores. O resultado é que isso é tratado com honestidade. Diferente de L World, que é um novelão e todo mundo é lindo.

Você tem opiniões muito fortes sobre casamento…

Houve uma mudança. Todas as lésbicas querem casar e isso é um pesadelo para as butchers (gíria para lésbicas com características mais masculinas). Antes, a gente podia só transar. Politicamente, eu sou a favor de casamento gay. Pessoalmente, isso me assusta. Sou feminista da velha guarda e ser uma boa feminista é transar com o maior número de mulheres possível. E eu era uma ótima feminista! Agora todo mundo quer casar. Se você quer, vá atrás. Ninguém pode me impedir de fazer nada só porque eu sou gay.

E adoção de crianças por casais gays?

Sabe que eu ainda não sei por que ainda existe essa questão? Tem tantas crianças precisando de um lar. Por que não poderia? Os gays normalmente têm mais dinheiro e mais tempo. Para mim, é ridículo não deixar uma criança viver em uma casa cheia de amor e ser criada por pessoas inteligentes e carinhosas. Eu nunca faria. Eu sou muito old school. Essa mudança na comunidade gay eu acho legal e incentivo. Mas não é para mim.

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 Então, você não tem uma namorada?

Claro! Olha para mim, lógico que eu tenho uma namorada. O nome dela é Chelsea Fairless, trabalha com moda na V Magazine. Mas ela também não acredita em monogamia.

Você sofreu com o preconceito?

Sim. Perdi empregos por causa disso e até como atriz. Tem produtores que só me enxergam como gay, mesmo eu já provando que posso fazer mais.

O que você pode adiantar sobre a segunda temporada de Orange is The New Black?

Não posso falar muito. Posso dizer que vai ser emocionante. Temos novos personagens e Jodie Foster volta a dirigir. Ah, veremos um lado mais obscuro de Boo.

O que você tem em comum com Big Boo?

Eu e Big Boo? Big Boo sou eu. Eles fizeram esse papel para mim. Não é muito comum. Até hoje espero um papel que “eles fariam para mim” em Law and Order. O programa já saiu do ar e nunca aconteceu. Achei que não tinha conseguido o papel. Joguei tudo para o alto para ser apenas cantora e comediante de stand-up em Londres. Quando desci do avião, tinha doze ligações dizendo que eu tinha um papel na série e tinha que voltar.

Por se tratar de uma série praticamente só de mulheres, não acontecem intrigas, uma querendo ser mais bonita do que a outra?

Não! Até porque ninguém é bonita lá. Tiraram isso da gente. Então, estamos lá para fazer o trabalho. E é hilário. Todo mundo lá se ama muito. Eu e Natasha (Lyonne, a Nicky Nichols) competimos para ver quem consegue fazer mais palhaçada no set. É um clima muito bom.

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