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São Paulo nas Alturas

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura

Raro sírio-libanês: construções do arquiteto Sami Bussab nos anos 1970

O arquiteto projetou o Esporte Clube Sírio e o Edifício Boulevard e ganhou destaque

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 jun 2020, 12h43 - Publicado em 29 Maio 2020, 06h00
Edifício Boulevard (1968) (Raul Juste Lores/Veja SP)
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A arquitetura dos anos 1970 foi tão tristonha quanto aquela década na história brasileira. Se ditadura e censura assistiram à corrupção de Transamazônica, Paulipetro, Itaipu e as usinas nucleares de Angra, enquanto o descaso com a educação persistia, o mercado imobiliário mergulhou em uma linha de montagem pouco inspirada, especialmente financiada pelo BNH (a favelização explodia na cidade, algo ignorado pelos militares). Uma geração de construtores de origem sírio-libanesa dominou o período, mas seus prédios dificilmente aparecerão em qualquer livro ou revista sobre arquitetura por seus predicados estéticos.

Sami Bussab
Térreo com lojas no Rizkallah Jorge (1973), com painéis da artista Maria Bonomi (Raul Juste Lores/Veja SP)

Uma raríssima exceção foi a colaboração do arquiteto Sami Bussab, ele também membro da “colônia”, com a construtora Rizkal (da mesma família que criou a centenária Casa da Bóia, loja de ferramentas na Rua Florêncio de Abreu). Uma das obras dessa parceria foi o Edifício Jorge Rizkallah Jorge (de 1973), na esquina da Avenida Paulista com Bela Cintra.

Sami Bussab
Térreo com lojas no Rizkallah Jorge (1973), com painéis da artista Maria Bonomi (Raul Juste Lores/Veja SP)

Ao contrário de tantos prédios posteriores, tem lojas em todo o térreo e uma generosa marquise sombreada, graças aos painéis de concreto com sulcos verdes, produzidos pela artista Maria Bonomi (convidar uma artista de renome e oferecer essa arte pública assim também já tinha virado raridade então).

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Sami Bussab
Térreo com lojas no Rizkallah Jorge (1973), com painéis da artista Maria Bonomi (Raul Juste Lores/Veja SP)

Formado em 1964 no Mackenzie, Bussab ainda teve uma frutífera parceria com o falecido mestre Pedro Paulo de Melo Saraiva. Juntos, projetaram o salão de festas do Esporte Clube Sírio (1966) e o Edifício Boulevard (1968), na Avenida Nove de Julho. Em mais de cinco décadas de carreira, Bussab ainda presidiu a Empresa Municipal de Urbanização, na prefeitura de Mário Covas, e o Fundo para o Desenvolvimento da Educação, quando Covas se tornou governador e na gestão do sucessor, Geraldo Alckmin. Desde 1973, leciona no Mackenzie.

Sami Bussab
Salão de festas do Clube Sírio (1966), projetado pelo então recém- formado Bussab com Pedro Paulo de Melo Saraiva e Miguel Juliano (Leonardo Finotti/Divulgação)
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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 3 de junho de 2020, edição nº 2689.

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