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Poder SP - Por Sérgio Quintella

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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Imagem de político é homem branco, rico e gordinho, diz candidata da Rede

Deputada Marina Helou é candidata à Prefeitura de São Paulo pelo partido da ex-ministra Marina Silva

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 out 2020, 15h54 - Publicado em 8 set 2020, 10h20
MARINA HELOU
Marina, na Assembleia Legislativa: saem as subprefeituras e entram as coprefeituras (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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A Rede Sustentabilidade, partido da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, anuncia nesta terça-feira (8) o nome da postulante do partido para as eleições majoritárias de São Paulo. A escolhida é a deputada estadual Marina Helou.

Com 33 anos e mãe de dois filhos, a parlamentar, formada em administração pública, afirma que terá como principal bandeira de campanha o combate à desigualdade social. Quase sem tempo de TV e fora dos debates televisivos por questões legais (partidos com menos de cinco deputados federais não podem participar das atrações), a legenda vai apostar em comunicações digitais para se fazer conhecida.

Na gestão da cidade, uma das ideias é transformar as subprefeituras em coprefeituras. A escolha dos gestores regionais será feita por meio de uma eleição em cada distrito. Veja abaixo a entrevista concedida a Vejinha.

A senhora, com 33 anos, deverá ser a candidata mais jovem na disputa deste ano na cidade. A idade e a pouca experiência em cargos públicos podem ser um impeditivo para a sua campanha?
De forma alguma. Sou formada em administração pública e pós-graduada em inovação para a sustentabilidade. Tenho mais de dez anos de preparo e estudos. As pessoas vão gostar.

Qual será a principal marca da sua campanha?
A cidade precisa de um plano de combate à desigualdade. Uma pessoa que nasce em Marsilac tem 23% mais chance de morrer prematuramente do que um bebê que nasce em Pinheiros. Nossa proposta será levar o dinheiro para quem mais precisa, e traremos a periferia para o centro do debate político. Para isso, vamos descentralizar a gestão e transformar as subprefeituras em coprefeituras. Reformar o Anhangabaú não é mais importante que levar saneamento para quem precisa. Vou ser a prefeita que vai levar 100% da coleta e tratamento de esgoto para São Paulo.

Como falar em saneamento total para uma cidade que tem 1/4 das construções irregulares?
Todos os paulistanos têm acesso à rede elétrica. Temos que colocar o saneamento nesse grau de importância. A cada 1 real investido em saneamento básico, a cidade economiza 4 reais em saúde.

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O ex-prefeito João Doria chegou a renomear as antigas subprefeituras para prefeituras regionais. O que as suas coprefeituras terão de diferente?
Nossa lógica não é apenas mudar o nome. Tenho estudado bastante para dividir o orçamento pensando no combate à desigualdade. Tem várias iniciativas de descentralização pelo mundo, como na Cidade do México e em Cingapura. Baseando os números nesses critérios de desigualdade, destinaremos os recursos de saúde, educação, mobilidade para as regiões com mais necessidade de investimento.

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Dê um exemplo de região que mereça um investimento específico?
Olhe os índices de arborização da cidade. O Alto de Pinheiros tem 1 804 hectares de vegetação por habitante. Em Marsilac, esse índice é de apenas 3,2. Lá, poderá haver um investimento maior em arborização. É preciso mudar os focos dos planos para a cidade. Hoje os planos de primeira infância, saúde, educação, mudanças climáticas não se conversam. Qual território precisa mais de educação? Vamos levar esse olhar para todos os territórios e investir nos que realmente necessitam.

Como será feita a escolha dos coprefeitos?
Por uma lista tríplice escolhida por cada território.

O fim das coligações para chapas de vereadores conseguiu abriu mais vagas nos partidos para as mulheres? Quantas candidatas haverá na chapa para vereador da Rede?
Estamos em torno de 42%. O número ideal é no mínimo 50%.

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Qual a dificuldade em conseguir mais candidatas?
Vivemos uma cultura de que politica não é para mulher. Escutei muito isso. Quando você fecha o olho e pensa em um político, a visão que vem: homem branco, rico, gordinho. São os homens que decidem nossa política e precisamos de um esforço para mostrar que não é isso. Política tem que ser para todo mundo, para mais mulheres e mais negros.

A chapa da Rede tem quantos candidatos negros?
Estamos com 32%.

A economia deve piorar no ano que vem, com alta do desemprego e o fim do auxílio emergencial. O que a senhora faria de prático e imediato?
Nos cem primeiros dias, vamos propor geração de trabalho e renda, com incentivos fiscais e facilidade para pequenos e médios empresários. Precisamos ampliar a internet como direito para a população. Estamos desenhando o modelo de distribuição da rede sem fio e preparando parcerias com operadoras [de telefonia].

“Todos os paulistanos têm acesso à rede elétrica. Temos de colocar o saneamento nesse grau de importância”

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Tem meta?
Ainda não fechamos a meta, mas vai ser audaciosa.

Outro efeito do pós-Covid será o aumento dos moradores de rua.
Sim, os números vinham piorando nos últimos cinco anos. São quase 30 000 moradores de rua. Não adianta dar só albergue, tem que pensar em soluções complexas, geração de trabalho, um plano integrado, casado com planos de habitação. Tem que colocar uma meta clara.

E qual será a meta?
Uma boa pergunta. Não fechamos nossos objetivos dos próximos quatro anos, mas teremos um.

A senhora é a favor na mudança do zoneamento em áreas residenciais, como Pacaembu e jardins Europa e América? Pretende propor alterações no Plano Diretor?
É uma discussão importante. Tem como ampliar o adensamento ali, sim, respeitando a mobilidade, o espaço verde.

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Como avalia a discussão em torno do retorno ou não das aulas na cidade por causa da pandemia?
A gente está discutindo quando ser, não como. Não pode ser prioridade como chavão político. As crianças estão isoladas, mas vendo seus familiares voltando ao trabalho.

Mandaria seus filhos para a escola agora em setembro?
Mandaria. E, como prefeita, faria mais: conversaria com os pais, discutindo protocolos com professores e preparando a cidade para o retorno. Falta essa conversa atualmente.

Em um ano e meio como deputada estadual, a senhora apresentou onze projetos de lei. Entre eles estão o Dia da Menina, a Semana da Prematuridade e a Semana Estadual do Brincar. Qual a importância e a relevância desses projetos?
A nossa atuação visa a construir as pautas e mostrar a importância dos temas que acreditamos. É uma construção coletiva. A Semana do Brincar foi construída em diversas regiões do estado e aponta a necessidade de um marco de trabalhar o brincar como desenvolvimento infantil. A partir da lei, a gente consegue mobilizar aparelhos de cultura e de assistência para que consiga desenvolver propostas de novas formas de brincar.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 16 de setembro de 2020, edição nº 2704.

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