Como uma bala disparada, a vida esportiva de Gustavo Batista de Oliveira, 21, mudou em pouquíssimo tempo. Até três anos atrás, quando ocorreu a última edição dos Jogos Olímpicos, no Japão, o menino nascido e crescido em Carapicuíba não fazia ideia de que estaria não apenas de malas prontas para a Olimpíada de Paris, como teria chances reais de levar para casa uma medalha na modalidade BMX Freestyle Park.
Entre uma pirueta e outra, ele foi bronze nos Jogos Sul-Americanos de Assunção, no Paraguai, em 2022, e garantiu no ano seguinte a inédita décima posição para um brasileiro em uma etapa na Copa do Mundo de BMX. “O primeiro objetivo já foi, que era conquistar a vaga olímpica. Agora vamos brigar mais”, diz Gustavo.
![GUSTAVOBALALOKA_3 Bala Loka, antes de embarcar para Paris](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/07/GUSTAVOBALALOKA_3.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Aliás, se perguntarem pelo Gustavo nas rampas e pistas de terra em “Caracas”, como ele e seus amigos se referem a Carapicuíba, dificilmente alguém saberá dizer quem é. “Só me conhecem por Bala Loka”, diz o atleta, que ganhou o apelido após passar rápido demais por uma rampa e levar um tombo daqueles. “Quando acordei de um leve desmaio, um amigo falou que eu passei igual a uma bala. O outro falou que a bala era louca. Virei o Bala Loka”, ri.
O acidente com Bala ocorreu com sua primeira bicicleta, que ele chama carinhosamente de Frankenstein. “Meu pai foi a um ferrovelho, viu o quadro de uma velha Caloi e levou para casa. Depois, foi montando com peças que ia comprando, e ganhei minha primeira BMX”, afirma o menino, com o brilho nos olhos de quem vê na Frankenstein um troféu que hoje fica exposto na parede de casa.
![WhatsApp Image 2024-07-11 at 14.09.46.jpeg.jpg bala-loka-olimpiadas-bike](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/07/WhatsApp-Image-2024-07-11-at-14.09.46.jpeg.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
“Nunca tive vergonha da bike, que era feia, fazia barulho, mas era minha. Agora estou montando outra, com peças importadas, para usar nos Jogos”, diz o jovem, que embarcou para Paris na última segunda (22). Os treinos por lá começam nesta sexta (26) e, no dia 30, ocorre a primeira classificatória. A prova final será no dia 31.
Na família Oliveira, não foi apenas Gustavo quem perdeu a identidade original e ganhou um apelido. Seu pai, Edvaldo, também não é mais lembrado pelo nome civil. “agora só chamam ele de ‘o pai do Bala'”, ri o rapaz.