“Vocês que Me Habitam”: drama feminino e social
Erica Montanheiro dirige montagem, com entrada gratuita, que propõe discussão sobre violência e aborto sem ser panfletária
A primeira cena é secreta. Pelo menos para o público masculino, que espera cinco minutos para poder entrar na sala. As propostas do drama Vocês que Me Habitam vão sendo entregues aos poucos, na maioria das vezes levando o espectador a se esforçar para entender as motivações das personagens.
Em um consultório, uma mulher (interpretada por Ana Elisa Mattos) conversa com a médica (papel de Joyce Roma) sobre uma suposta gravidez. O diálogo travado no atendimento de rotina leva a crer que se trata de uma gestação inesperada e abre brechas para a possibilidade de um estupro.
Escrita por Gustavo Colombini e pela diretora Erica Montanheiro, a peça envolve o espectador à medida que ele se empenha em decifrar os problemas das personagens e, por fim, entende o universo e os traumas de cada uma. Ana Elisa cumpre muito bem a dramaticidade do seu papel, enquanto Joyce é versátil ao transitar por diferentes tipos, exercitando voz e postura.
Grande mérito, a mensagem engajada em relação a temas da atualidade, como a violência contra a mulher e a discussão em torno do aborto, permeia a montagem, mas em momento algum atinge ecos de panfleto (80min). 16 anos. Estreou em 13/11/2017.
+ Oficina Cultural Oswald de Andrade. Rua Três Rios, 363, Bom Retiro. Segunda a quarta, 20h. Grátis. Ingressos distribuídos meia hora antes. Até o dia 20.