Três perguntas para Bárbara Salomé
Atriz e palhaça fala sobre seu primeiro solo, "Não Aprendi Dizer Adeus", em cartaz até este sábado (2) na Oficina Cultural Oswald de Andrade
A atriz Bárbara Salomé está em cartaz até este sábado (2) com Não Aprendi Dizer Adeus. Embora a intérprete mineira tenha vinte anos de estrada, esse é o primeiro solo dela. No espetáculo dirigido por Rafaela Azevedo, ela é Leila Simplesmente Leila, uma palhaça que tenta, com bom humor e contato direto com a plateia, escapar da morte. A peça poderá ser vista também na mostra Solo Mulheres, no Teatro de Contêiner Mungunzá (Rua dos Gusmões, 43, Santa Ifigênia), em 18 de julho.
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Você passou por alguma experiência para decidir falar sobre morte?
Perdi uma irmã quando eu tinha 5 anos, ela 4, repentinamente. Ela passou mal e morreu, nem sei do quê. É a memória mais forte que tenho do início da vida, e mudou totalmente a ideia como eu enxergo o mundo.
Como é tratar um tema delicado por meio de uma palhaça, em geral relacionada ao humor?
O palhaço lida com o máximo da nossa humanidade e pode ir para todos os lugares, como tragédia e comédia, lugares lindos e horríveis. A maneira que enxergo essa linguagem tem a ver com isso. O caminho que encontrei com o humor é a Leila lidar com a própria morte em vez de falar sobre ela. O humor vem de a gente se ver extremamente humano e pequeno.
Como foi a reação do público ao deparar com um assunto considerado tabu?
As pessoas riem e choram. É uma peça que tem uma relação direta com o público, que se sente íntimo para comentar durante o espetáculo, de eu jogar uma pergunta e as pessoas responderem. Numa apresentação, uma senhora falou que a morte pode ser calma e bonita, refletindo alto consigo mesma. Como palhaça, me revolto com a morte, a aceito, debocho dela, brigo com ela… Como é que a gente aceita uma coisa dessas? Faz parte da vida, mas é muito difícil.
Oficina Cultural Oswald de Andrade. Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, ☎ 3222-2662 (60min). 16 anos. ♿ Sex. (1º), 20h. Sáb. (2), 18h. Grátis (retirar os ingressos uma hora antes do espetáculo). oficinasculturais.org.br.
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Publicado em VEJA São Paulo de 6 de julho de 2022, edição nº 2796