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Redescubra Augusto Boal e o Teatro do Oprimido em DVD e no Sesc Pompeia

Muita gente fala sobre o Teatro do Oprimido, mas poucos – fora e até dentro do meio cultural – sabem exatamente do que se trata. A técnica de representação criada pelo diretor e dramaturgo carioca Augusto Boal (1931-2009) ganhou literalmente o mundo e nas devidas proporções, claro, é tão popular quanto outros de nossos cartões-postais […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 11h55 - Publicado em 3 nov 2012, 01h10
Data da foto: 02/1986 Augusto Boal, diretor da peça "Fedra", no Teatro Arena. (/)
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Augusto Boal (1931-2009) fez o público transformar-se em personagem baseado em sua essência (Foto: Paulo Marcos)

Muita gente fala sobre o Teatro do Oprimido, mas poucos – fora e até dentro do meio cultural – sabem exatamente do que se trata. A técnica de representação criada pelo diretor e dramaturgo carioca Augusto Boal (1931-2009) ganhou literalmente o mundo e nas devidas proporções, claro, é tão popular quanto outros de nossos cartões-postais culturais. Estudado em mais de 70 países, entre eles os Estados Unidos, Austrália, Índia, Itália e Canadá, o Teatro do Oprimido transforma o público no próprio ator, fazendo com que ele construa um personagem baseado em suas experiências e estímulos sensitivos. O novo intérprete recupera a dinâmica e a criatividade natural da infância, gradualmente abandonada no decorrer da vida.

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Enfim, para entender um pouco mais… Acaba de ser lançado em DVD o documentário “Augusto Boal e o Teatro do Oprimido”, dirigido por Zelito Viana e produzido em parceria com o Canal Brasil. Com base em entrevistas do próprio Boal, o legado é devidamente dimensionado sem cair no didatismo. Depoimentos de Ferreira Gullar, Edu Lobo, Chico Buarque e Aderbal Freire-Filho recheiam o filme. Também é reconstruída a importância de sua participação no Teatro de Arena de São Paulo, na década de 50, quando ao dedicar-se à montagem de autores brasileiros estreantes ajudou a trazer à tona Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) e Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974).

No filme, Boal relembra que, ao desenvolver a teoria, pretendia chamá-la de Poética do Oprimido. O editor sugeriu rebatizá-la, já que ficaria difícil encontrar espaço nas estantes das livrarias. Não seria correto catalogar a obra no setor de poesias e poucos a incluiriam nas prateleiras de artes cênicas sem uma leitura prévia. Também é recordada uma cena real digna de ficção – ou vice-versa. Inspirado em uma lei que pretendia oferecer a todo cidadão argentino um prato de comida gratuito nos restaurantes – desde que o pedido não viesse acompanhado de bebida alcoólica e sobremesa –, o elenco espalhou-se entre as mesas de um estabelecimento. Na hora da conta, o suposto cliente apresentou a carteira de trabalho e, desempregado, não tinha como quitar a conta. O garçom revoltou-se, e outro freguês – também ator – ofereceu-se para saldar a dívida, discursando sobre como pode ter tanta gente passando fome se existe fartura nos restaurantes. Os clientes reais ficaram perplexos, pensando tratar-se de uma situação real, e, segundo Boal, refletiriam sobre a desigualdade social.

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Dirigido por João das Neves, o musical “Zumbi” é uma das atrações do projeto “Pompeia Conta Boal” (Foto: Vitor Novaes)

Nem só nas telinhas ressurge Boal. Ele também ganha os palcos paulistanos esse mês. Inspirado no título de alguns de suas mais combativas montagens, como “Arena Conta Zumbi” e “Arena Conta Tiradentes”, o projeto “Pompeia conta Boal” ocupa o Sesc Pompeia a partir do dia 13 de novembro. Os atores Lima Duarte, Nelson Xavier, Milton Gonçalves, Georgette Fadel e Isabel Teixeira participam de leituras, e os dramaturgos Lauro César Muniz, Chico de Assis e Benedito Ruy Barbosa foram convidados para os debates. Também serão exibidos filmes, entre eles, o documentário de Zelito Viana, e laboratórios de atuação no Teatro do Oprimido serão oferecidos.

Fora da teoria, a oferta mais atraente para o grande público é a estreia do espetáculo “Zumbi”, sob a direção cênica de João das Neves e musical da cantora Titane. O elenco formado por dez atores negros adere ao sistema “curinga”, criado por Boal, que elimina o protagonismo e faz todos revezarem-se nos papeis. Escrito por Boal e Guarnieri e com canções de Edu Lobo, o musical apresenta a resistência dos quilombolas ao domínio português. A estreia está prometida para dia 16 de novembro, com temporada nas sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h, até 9 de dezembro.

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