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Eduardo Muniz, “Tudo no Seu Tempo” e Alan Ayckbourn: “A vida dele é escrever, dirigir e vai ser assim até sua morte”

O ator, diretor e produtor Eduardo Muniz, de 32 anos, é um apaixonado pelo dramaturgo inglês Alan Ayckbourn, de 76. Logo, aos poucos, ele também se torna um especialista em sua obra. Nos últimos 11 anos, Muniz traduziu vinte de seus textos, atuou e produziu “Tempo de Comédia” e “Isso É o que Ela Pensa”, […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 13h31 - Publicado em 14 jan 2016, 14h53
Eduardo Muniz.
Eduardo Muniz. (/)
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Eduardo Muniz: ator, diretor e produtor a serviço de Alan Ayckbourn (Fotos: Bia Borin)

O ator, diretor e produtor Eduardo Muniz, de 32 anos, é um apaixonado pelo dramaturgo inglês Alan Ayckbourn, de 76. Logo, aos poucos, ele também se torna um especialista em sua obra. Nos últimos 11 anos, Muniz traduziu vinte de seus textos, atuou e produziu “Tempo de Comédia” e “Isso É o que Ela Pensa”, além de dirigir “Afogando em Terra Firme” e “Tudo no Seu Tempo”, que estreia no sábado (23) no Teatro Jaraguá. A trama mistura humor e suspense. Em 2036, uma garota de programa foge de um psicopata pela porta de uma despensa que, surpreendentemente, a leva ao mesmo local, porém 20 anos antes, em 2016. Perseguida no passado e no presente, ela tem a chance de salvar sua vida e a de outras mulheres. Cynthia Falabella, Fernanda Couto, João Carlos Andreazza, Edu Guimarães, Bete Correia e Gustavo Trestini estão no elenco.

De onde surgiu o interesse pela obra do Alan Ayckbourn?

O meu primeiro encontro com a obra do Ayckbourn foi em 2005, em Nova York. Eu cursava uma escola de atuação chamada Michael Howard Studios, trabalhava como garçom e ia ao teatro sem parar. A cidade vivia uma ótima temporada teatral, e “Pessoas Absurdas” estava em cartaz. Não fazia ideia do autor e não conhecia ninguém do elenco. Fui a uma matinê e me diverti muito naquele teatro de mil lugares lotado. O que me chamou a atenção foi mesmo a dramaturgia. Era muito popular, era uma verdadeira comédia. Ao mesmo tempo, tinha uma profundidade absurda e momentos muito dramáticos. Então, pesquisei mais sobre Ayckbourn e, no dia seguinte, comprei algumas peças dele, entre elas “Tempo de Comédia” e “Isso É o que Ela Pensa”.

+ Algumas peças que você vai ver em 2016 nos palcos de São Paulo. 

Logo depois de montar “Tempo de Comédia”, você foi estudar teatro em Londres e estagiou com Ayckbourn, certo? Você foi atrás do agente dele e conseguiu? 

No final de 2010, fui para Londres, conheci seu agente, Tom Erhardt, e contei a ele a saga de “Tempo de Comédia”. Poucos dias depois, recebo um e-mail de uma pessoa chama Telma Ayckbourn, em português, me felicitando por montar uma peça do seu sogro em terras brasileiras. Tom tinha passado o Natal com Ayckbourn e falou de mim na mesa. (Telma é brasileira, casada com o filho de Ayckbourn e mora em Scarborough). Enfim, imediatamente respondi o e-mail e começamos a maturar a ideia de fazer um estágio em Scarborough, que é a cidade praiana onde Ayckbourn mora, três horas de trem de Londres. Em julho de 2011, embarquei com minha mulher (a atriz Bia Borin) para estagiar no processo de montagem da sua 75ª peça, “Neighbourhood Watch”. Essa experiência mudou minha vida. Eu me lembro de esperá-lo na porta do teatro. Ele suava em bicas, pois tinha vindo andando de casa – e mancando por conta de um AVC sofrido alguns anos antes. Logo, apertou a minha mão, dizendo “You must be Eduardo” (“Você deve ser o Eduardo”). Eu respondi imediatamente “You must be Alan Ayckbourn” (“Você deve ser o Alan Ayckbourn”) para gargalhadas de todos.

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+ Saiba quais foram as cinco melhores peças de 2015.

Como foi a experiência?

É difícil escrever aqui o tamanho do impacto, mas em Scarborough aprendi técnicas, ouvi histórias, li peças, bati texto com atores, conversei com outros membros da equipe como figurinistas e iluminadores. Estive por lá da primeira leitura até a estreia mundial da mundial. Digamos que fiquei algumas semanas sem piscar. Coincidência ou não, a BBC rodou um documentário sobre a vida e obra de Ayckbourn bem na época. Quando descobriram que tinha um brasileiro alucinado por ele, eu acabei integrando o documentário, que foi visto por milhões de pessoas no Reino Unido.

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Eduardo Muniz e Alan Ayckbourn: estágio e amizade na Inglaterra

Você ficou hospedado na casa dele? 

A hospedagem na casa de Ayckbourn foi a outra ocasião. Em 2013, ele me convidou para a estreia de “Arrivals and Departures”, sua mais recente peça. Tinha me tornado pai no ano anterior, e fui com minha mulher e meu filho. Ficamos uma semana lá, convivendo, tomando café da manhã, almoçando e jantando juntos. Eles jantam às 18h (risos). Depois seguíamos juntos para ver a peça. Tinha dirigido há pouco o meu primeiro Ayckbourn, “Afogando em Terra Firme”, falamos muito sobre a resposta do público e as dificuldades da peça.

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Com esse contato estabelecido, você fala com ele em algum momento durante a preparação de seus espetáculos?

Eu recebo cartão de Natal dele todo ano (risos). Nunca perdemos o contato, sempre mando fotos de ensaio, compartilho ideias, dúvidas e angústias. Sempre mando por correio o cartaz e convite da peça, e ele emoldura e pendura na sala de ensaios. Sua sala de ensaio é repleta de fotos e cartazes de montagens do mundo todo. “Tempo de Comédia”, “Isso É o Que Ela Pensa” e “Afogando em Terra Firme” estão lá. Brinco que, se depender de mim, ele terá que ir pra uma sala maior, porque ainda faltam 77 cartazes meus pra pendurar.

Ele já manifestou interesse em vir ao Brasil?

A ligação de Ayckbourn com Brasil diz respeito aos seus netos, Anna e Lucas. A vida dele é escrever, dirigir e vai ser assim até sua morte. Além de “Tudo no Seu Tempo”, devem ter umas 30 montagens dele no mundo nesse momento. Com isso tudo, além da idade e da condição de saúde, deve ter bons motivos para ficar quietinho em Scarborough. Há uma semana, ele me escreveu dizendo que adorou as soluções cênicas que tive para “Tudo no Seu Tempo”. Mandei a foto de uma leitura e ele perguntou quem era quem no elenco. Ayckbourn respondeu com um bilhete em que deseja sucesso e criatividade para todos nós. Esse ano, vamos visitá-lo mais vez, levando debaixo do braço mais um cartaz!

Que visões ele tem sobre o Brasil e sobre o teatro brasileiro?

Sempre que conversávamos sobre Brasil tinha como contexto as montagens dele feitas por aqui. Não fico à vontade para responder a visão que ele tem sobre o Brasil e o teatro brasileiro.

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Fernanda Couto, Cynthia Falabella e Edu Guimarães em "Tudo no Seu Tempo": estrai no Teatro Jaraguá (Foto: Ligia Jardim)

Fernanda Couto, Cynthia Falabella e Edu Guimarães em “Tudo no Seu Tempo”: estreia no Teatro Jaraguá no sábado, dia 23 (Foto: Ligia Jardim)

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