Daniel Schenker autografa livro sobre o Teatro dos 4 em São Paulo
A obra, que será lançada no sábado (16) no Instituto Goethe, traz detalhado panorama sobre o espaço carioca que recebeu peças históricas entre 1978 a 1993

O jornalista carioca Daniel Schenker tem 44 anos, e o seu nascimento como espectador de teatro, em meados da década de 1980, coincide com o apogeu do Teatro dos 4. Foi no espaço, localizado no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro, que ele, ainda menino, assistiu aos primeiros espetáculos que lhe impactaram, produções do trio Sergio Britto, Paulo Mamede e Mimina Roveda, também fundamentais na cena brasileira das últimas décadas do século XX.
Surgiu assim, com naturalidade, o tema da tese de doutorado de Schenker, defendida na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro em 2013. Retrabalhado, o estudo gerou o livro Teatro dos 4 – A Cerimônia do Adeus do Teatro Moderno, lançado pela Editora 7 Letras em setembro do ano passado, no Rio de Janeiro.



Demorou, mas Daniel Schenker chega a São Paulo para autografar Teatro dos 4 – A Cerimônia do Adeus do Teatro Moderno neste sábado (16), entre 11h e 13h, no Instituto Goethe, em Pinheiros. O evento faz parte Piquenique Literário, uma das atividades da MITsp, e também recebe outros lançamentos.
+ Leia sobre “Fim”, direção de Felipe Hirsch.
Em suas quatrocentas páginas, a obra aparece como um importante documento sobre um período de efervescência artística, capaz de unir profunda qualidade, um considerável interesse popular e gerar montagem que, três décadas mais tarde, ainda são lembradas.
Entre elas estão As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, dirigida por Celso Nunes e protagonizada por Fernanda Montenegro, Afinal, Uma Mulher de Negócios, primeira montagem de um texto do alemão Rainer Werner Fassbinder no Brasil, encabeçada por Renata Sorrah, e Quatro Vezes Becket, encenação que revelou o talento de Gerald Thomas por aqui com Britto, Rubens Corrêa e Ítalo Rossi. Também foi lá que o dramaturgo Mauro Rasi mostrou que podia ir além do besteirol com A Cerimônia do Adeus, e Nathalia Timberg brilhou em muitas produções, entre elas, como a Liuba de O Jardim das Cerejeiras.
+ Último fim de semana de Peça do Casamento.
São três blocos. A primeira parte, de 1978 a 1982, aborda as dificuldades para implantar o projeto e conquistar o público com dramaturgos pouco conhecidos no Brasil. A época de outro, de 1982 a 1988, mostra o sucesso de crítica, as boas bilheterias e uma relativa estabilidade – se isso é possível falando de teatro no Brasil. Por fim, de 1988 a 1993, vem novamente o esforço para manter o Teatro dos 4 de pé, a crise financeira do país e o trauma da morte de Yara Amaral, a principal estrela dessa fase.
Teatro dos 4 – A Cerimônia do Adeus do Teatro Moderno é o registro de uma época de glória que talvez não seja mais possível de ser reeditada no Brasil. Um teatro refinado, de incontestável qualidade e protagonizado pelos grandes atores que tinham prestígio de sobra com a intelectualidade e eram adorados pelo público que os conheceu pelas telenovelas. Muita gente queria vê-los no palco, e eles podiam marcar presença nas novelas de televisão, mas, inegavelmente, queriam mesmo era estar no palco. E lá estavam.
+ Instituto Goethe. Rua Lisboa, 974, Pinheiros. Sábado (16), 11h/13h. Preço do livro: R$, 65,00.