Anastácia Custódio, a empregada de “Trair e Coçar… É Só Começar”: “Cada sessão é como se fosse uma estreia”
Faz 15 anos que Anastácia Custódio encara uma plateia lotada e leva a grande maioria a morrer de rir com as trapalhadas da empregada doméstica Olímpia. A atriz mineira de 49 anos protagoniza a comédia “Trair e Coçar… É Só Começar”, que pode ser vista no Teatro Bibi Ferreira, e defende com orgulho a personagem que já […]
Faz 15 anos que Anastácia Custódio encara uma plateia lotada e leva a grande maioria a morrer de rir com as trapalhadas da empregada doméstica Olímpia. A atriz mineira de 49 anos protagoniza a comédia “Trair e Coçar… É Só Começar”, que pode ser vista no Teatro Bibi Ferreira, e defende com orgulho a personagem que já coube a Suely Franco, Denise Fraga e Clarisse Derziê Luz, entre outras atrizes. Lançada no Rio de Janeiro em 1986, a peça escrita por Marcos Caruso permanece em cartaz em São Paulo desde 1989.
Qual foi a primeira atriz que você viu fazendo a Olímpia?
Quando eu me mudei para São Paulo, em 1999, vi o espetáculo, se não me engano no Teatro João Caetano. Quem fazia a empregada, muito bem, era a Clarisse Derziê Luz. Em poucos minutos, eu estava envolvida com o carisma de Olímpia. Mas a primeira vez que ouvi falar no “Trair e Coçar… É Só Começar” foi ainda durante o curso de interpretação na Faculdade de Arte Dulcina de Moraes, em Brasília, em 1988. Já, naquela época, nos despertava a curiosidade saber de uma peça em cartaz há mais de dois anos.
Pensou que um dia interpretaria a personagem?
Jamais imaginaria que dois anos depois eu estaria no espetáculo. Sou muito grata ao Atílio Riccó por ter me possibilitado fazer o teste e dar continuidade a uma personagem interpretada por atrizes como Suely Franco, Denise Fraga e várias outras.
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De que forma você reinventa a Olímpia a cada temporada?
Depois de cada espetáculo, o elenco ainda discute os acertos e erros daquela noite com o objetivo de mantê-lo vivo e limpo. Nosso diretor, José Scavazini, faz questão de ajustar os detalhes diariamente e ensaiamos com frequência exatamente para manter esse frescor.
Qual é seu segredo – ou seu truque – para manter o prazer com a mesma personagem?
Naturalmente surgem novas descobertas a cada apresentação. Cada sessão é como se fosse uma estreia. Aquele friozinho na barriga está presente sempre e, pra mim, é sempre um “pulo no abismo”. Nunca dá para saber o que vai acontecer e é exatamente essa “insegurança” que me leva a manter a Olímpia em constante construção.
Imagino que você deve ter histórias engraçadas e comoventes envolvendo o “Trair e Coçar…” nesses 15 anos…
Fica difícil escolher meia dúzia que seja. Muitos casais que viram o espetáculo na época do namoro nos procuram pra apresentar os filhos. Existem pessoas que presenteiam amigos com o ingresso para comemorar aniversário e nos pedem pra falar o nome. Há pouco, uma senhora nos disse a seguinte frase no final da sessão: “Muito obrigada! Deus abençoe a todos vocês porque pensei que nunca mais veria minha filha sorrir”. Depois, nos confidenciou que a filha enfrenta uma depressão profunda há meses e ela não sabia mais o que fazer para ajudá-la. Resolveu levá-la ao teatro, e a moça parece ter se sentido um pouco mais feliz.
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Foi a Olímpia que propiciou a você viver de teatro?
A Olímpia me proporcionou uma grande experiência e, consequentemente, um aprimoramento profissional, me projetou no meio teatral. Logo, faço outros trabalhos em cinema, televisão, publicidade e, assim, eu me mantenho. Embora “Trair e Coçar… É Só Começar” seja a comédia de maior sucesso do teatro brasileiro, nós não temos patrocínio e nos bancamos exclusivamente de bilheteria. A batalha nunca termina, é noite após noite, para continuar garantindo o boca a boca da plateia.
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Até que idade você se imagina na pele da Olímpia?
Nunca pensei quantos anos a Olímpia deve ter. Acho que ela não tem idade. Enquanto a vontade de pular no abismo e o frio na barriga ainda me moverem, acho que posso encará-la.
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