Em janeiro passado, o espetáculo “O Jardim” venceu o Prêmio Governador do Estado de melhor de 2011, derrotando quatro expressivas produções, “Luis Antonio – Gabriela”, “Pinókio”, “Ópera dos Vivos” e “Cine Camaleão, A Boca do Lixo”. A falta de expectativa do autor e diretor Leonardo Moreira e dos demais integrantes da Cia. Hiato era tanta que nenhum representante compareceu à cerimônia de anúncio do troféu, que veio acompanhado de um cheque de 60 000 reais.
Tal despretensão contrasta com ambição de Moreira ao oferecer uma refinada dramaturgia e uma encenação desafiadora ao espectador e aos sete ótimos atores. Ambientado em três tempos, o drama para mostra personagens que enfrentam situações de ruptura. Em 1938, um casal (Thiago Amaral e Fernanda Stefanski), logo depois de comprar uma casa, encara a separação. Passadas quatro décadas, duas irmãs (Luciana Paes e Maria Amélia Farah) internam o pai (o ator Edison Simão) em um asilo. Nos dias atuais, uma mulher e a empregada (Aline Filócomo e Paula Picarelli) constatam o abandono da residência onde a família viveu e serve de cenário ao deslumbrante quebra-cabeça. Cabe ao público montá-lo durante a temporada que se inicia no dia 2 e segue até 26 de agosto no Tusp, ali na Rua Maria Antônia, sempre de quintas a domingos.