‘Anora’ é puro prazer cinéfilo com caos, comédia e grandes performances
Stripper vive conto de fadas inesperado no carismático vencedor da Palma de Ouro em Cannes, dirigido por Sean Baker
Depois de ganhar a Palma de Ouro em Cannes, Anora chegou à Mostra SP como um dos títulos mais aguardados. O longa de Sean Baker é surpreendente e deixa uma sensação duradoura na memória. O enredo é centrado em uma profissional do sexo, assunto comum na filmografia do cineasta.
A jovem Anora (Mikey Madison), ou Ani, trabalha em um clube de strip-tease no Brooklyn, em Nova York, e muda de vida quando conhece Ivan (Mark Eidelstein), filho de uma oligarca russa.
Os dois decidem se casar impulsivamente, mas a união fica ameaçada quando a notícia chega à família na Rússia e uma sucessão desenfreada de acontecimentos caóticos toma conta.
O filme engaja a plateia com um roteiro impecável e performances excelentes. Mikey e Mark constroem essa relação dúbia, que flerta entre amor e poder, com muita sutileza e virtuosismo.
O conto de fadas chega ao fim com uma crítica social e uma realidade devastadora. Ao final, Anora seduz não pelo erotismo, mas pelo carisma e sensibilidade. Outro provável favorito ao Oscar.
NOTA: ★★★★☆
Filme assistido na 48ª Mostra SP. Confira a programação no site 48.mostra.org.
Publicado em VEJA São Paulo de 25 de outubro de 2024, edição nº 2916