Pinot noir desponta no Chile
Novos vales passaram a produzir a uva e os vinhos se mostram cada vez melhores
Em recente visita ao Chile, pude degustar cerca de 350 vinhos de regiões de norte a sul do país de estreita silhueta. Uma das gratas surpresas desse panorama foram os tintos de uvas pinot noir.
Sou um apaixonado pelos grandes vinhos da Borgonha, origem dessa casta, e, como tal, bastante exigente — confesso que, às vezes, até um pouco cético quando se trata dessa cepa. Nas últimas três décadas, venho acompanhando a evolução dos pinot chilenos. Quem os provava até alguns anos atrás sentia muita fruta, madeira, álcool, mas pouco frescor, elegância, refinamento, mineralidade e, sobretudo, pouca tipicidade da temperamental uva borgonhesa.
Essa última amostragem que tive me faz poder afirmar que os melhores que provei estão chegando a um patamar de alta qualidade, com exemplares refinados, que já superam a maioria dos Borgonhas de entrada. Essa transformação, contudo, não aconteceu da noite para o dia. Como quase tudo o que se refere à elaboração de vinhos, é resultado de um processo lento, que, por vezes, demora anos e implica ajustes constantes em várias etapas da produção.
As mudanças começam nos vinhedos, com novos clones, aprimoramento de seu manejo (posição em relação ao sol, poda, rendimento — menos uva por hectare), colheita às vezes antecipada, com o objetivo de entregar uvas de maturação perfeita (maduras, mas não sobremaduras) e retendo melhor a acidez natural.
Depois, na transformação das frutas em vinho, com macerações mais curtas e com menos intensidade de barricas novas, por exemplo. A grande mudança foi, no entanto, a escolha de novos vales para produzir.
Os melhores pinot noir provados nessa viagem vieram de áreas mais frescas. Do norte, os destaques foram alguns exemplares do Vale de Limarí, como P.S. Garcia e o Amelia da Concha y Toro, e do Atacama, o Tara da Ventisquero.
Da região costeira, mais próxima às águas frias do Oceano Pacífico, provei diversos exemplares de alto padrão como os magníficos Ventolera, do Vale de Leyda, e Terranoble e Casas del Bosque, do Vale de Casablanca. Mas foi do extremo sul que vieram as maiores descobertas — do Vale de Malleco, já próximo à Patagônia, me encantei com os pinot da Morandé e P.S. Garcia.
Veja, abaixo, dois vinhos para provar.
Marques de Casa Concha Pinot Noir 2019.
Custa R$ 158,71,. Compre na Wine.
Casas Del Bosque Winemakers Selection Pinot Noir Valle de Casablanca D.O. 2020.
Custa R$ 99,90. Compre na Evino.
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