Vinho e Algo Mais
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Por Por Marcelo Copello
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
Rótulos da região do Rhône
Conheça algumas descobertas da segunda maior área produtora da França
O brasileiro ainda conhece pouco o Vale do Rhône, no leste da França. Essa região vai muito além do Châteauneuf-du-Pape, seu vinho mais famoso, ou dos Côtes du Rhône genéricos, os produtos de entrada.
Nomes como Vinsobres, Saint-Joseph, Gigondas, Lirac e Vacqueyras podem guardar ótimas surpresas. Alguma vezes, chegam a superar as AOCs mais famosas da área, como a já citada Châteauneuf-du-Pape, que por ser muito grande tem qualidade irregular, com alguns rótulos excepcionais e outros que não valem o preço. Outra AOC da região que merece ser descoberta é Tavel, com seus rosados mais estruturados, gastronômicos e com algum potencial de guarda.
O Rhône é a segunda maior região do país quando falamos em produção com denominação de origem, superada apenas por Bordeaux. Localizada entre as cidades de Lyon e Avignon ao longo do vale do Rio Ródano (Rhône), pode ser dividida por causa do clima.
No norte, mais frio, reina a uva syrah nas tintas e viognier nas brancas. No sul, o clima é mediterrâneo, mais caloroso e dominado pela grenache (com syrah e mourvèdre como coadjuvantes) nas tintas e, nas brancas, por marsanne e roussanne.
A região permite 27 castas na elaboração. As principais são, além das citadas, carignan, cinsault e grenache blanc. A pirâmide das bebida dali tem na base os já citados Côtes du Rhône “genéricos”, depois os Côtes du Rhône Village e sobe até os chamados crus, que são apenas dezenove, e mais dois de vinhos fortificados.
Rive Droite 2019 Do produtor Vignobles & Compagnie, da AOC Lirac, no sul do Rhône. Elaborado com as castas syrah, grenache, mourvèdre e cinsault sem passagem por madeira. Cor rubi escura. Aroma intenso e bastante frutado, com notas de ameixa, amora, especiarias, pimenta-do-reino, azeitona, terra, alcaçuz. Paladar de médio-bom corpo, equilibrado e fresco. R$ 235,18, na Wine.
Les Moniers Crozes-Hermitage Blanc 2018 Do produtor M. Chapoutier, da AOC Crozes-Hermitage. Elaborado 100% com a casta marsanne, sem passagem por madeira. Cor amarelo palha claro. Aroma de boa intensidade e frutado, cítricos, nectarina, ervas, amêndoas. Paladar de médio corpo, equilibrado e macio, com 13,5% de álcool. R$ 419,90, na Evino.
Arcane XV Le Diable 2015 Do produtor Xavier Vignon, elaborado com 100% mourvèdre, com 30% em barricas de carvalho e 70% em tanques de aço inox por doze meses. Cor muito escura. Aroma de frutas negras bem maduras, ameixa-passa, groselha, alcaçuz, couro, alcatrão. Paladar encorpado, taninos presentes, com 15% de álcool, ainda jovem. Sugere-se decantar. R$ 399,90, na Evino.
Domaine de L’Arnesque Rouge 2018 Um Côtes Du Rhône AOP, do produtor Domaine de L’Arnesque. Elaborado com grenache (predominante) e syrah, sem passagem por madeira, com doze meses em tanques de concreto. Rubi escuro, aroma intenso e bastante frutado, com notas de frutas vermelhas maduras, especiarias picantes. Paladar de bom corpo, bom volume de boca, macio e equilibrado. R$ 229,90, na Evino.
Publicado em VEJA São Paulo de 22 de fevereiro de 2023, edição nº 2829
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