Rótulos italianos que fogem do lugar-comum
Regiões não tão conhecidas do país europeu produzem bebida de qualidade
A Itália é um mundo à parte no universo do vinho. Maior produtor mundial da bebida, com cerca de 4,5 bilhões de litros ao ano (seguida pela Espanha e pela França, com cerca de 3,5 bilhões de litros ao ano cada uma), líder em variedades de castas, com 377 uvas nativas em cultivo comercial.
O país mediterrâneo é um grande vinhedo, de norte a sul — não há província, cidade ou vila, por menor que seja, que não tenha seu vinho local, cujos moradores reputam como o melhor do mundo. Além das centenas de castas, a Itália também esbanja diversidade em seus terroirs, com múltiplos climas e solos, indo dos Alpes ao Mediterrâneo. Isso sem falar na grande diversidade cultural e histórica de cada região, o que acaba por influenciar na variedade de vinhos.
Até 1871, ano em que foi unificada, a península italiana era uma coleção de reinos independentes, cada um com sua cultura e vinhos, por vezes, bem distintos. O Piemonte, por exemplo, já foi francês, e tem muita afinidade cultural e enológica com o país vizinho. O mesmo podemos dizer da região do Trentino em relação à Áustria e da Sicília em relação à Grécia, por exemplo.
Dentro dessa variedade virtualmente infinita, o que se destaca no cenário internacional são as mais famosas DOCs (Denominazione di Origine Controllata) e DOCGs (Denominazione di Origine Controllata e Garantita), vinhos como Chianti, Brunello di Montalcino, Amarone e Barolo, só para citar algumas. Como acontece normalmente no mercado do vinho, sair dos nomes famosos pode aumentar o risco da compra, mas a ousadia pode ser recompensada com boas surpresas.
1 – Arnaldo Caprai Montefalco Rosso DOC 2017 Do produtor Arnaldo Caprai, uma referência na região da Úmbria-Itália. Elaborado com uvas sangiovese, sagrantino e merlot, com doze meses em barris de carvalho. Cor rubi escura. Aroma de chocolate, cereja madura, geleia de amora, madeira nova. Paladar de médio-bom corpo, taninos e acidez agradavelmente presentes tornam o vinho gastronômico. R$ 189,90 na Evino.
2 – Elvio Cogno Mandorlo Dolcetto d’Alba DOC 2020 Do produtor Elvio Cogno, 100% uvas dolcetto (popular no dia a dia dos piemonteses), feito sem madeira, em inox. Um vinho fresco, frutado, leve, notas de morangos, ameixas, couro, ervas, terra, acidez moderada. R$ 249,90 na Evino.
3 – Gianni Masciarelli Montepulciano d’Abruzzo DOC 2018 Elaborado com 100% uvas montepulciano. Cor rubi escura violácea. Aroma rico e concentrado nas frutas, como ameixapreta, amoras, cereja marasquino, café. Paladar de bom corpo e concentração, com taninos doces e presentes, boa acidez, 14% de álcool. Vinho ao mesmo tempo potente e gastronômico, que pode se beneficiar de decantação de quarenta minutos para que seus aromas se abram. R$ 279,90 na Evino.
4 – Tenuta Sant’Antonio Scaia I.G.T. Veneto Corvina 2018 Do produtor Tenuta Sant’Antonio, na região do Vêneto, com a grande uva local, a corvina, sem madeira, com 12,5% de álcool. Frutado, com cerejas, ameixas, especiarias, canela, nota terrosa. Paladar leve, meio doce, com doçura aparente e acidez moderada. R$ 98,71 na Wine.
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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de outubro de 2022, edição nº 2812