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Por Por Marcelo Copello
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Os blends mais famosos do mundo do vinho

Misturar uvas ou castas agrega complexidade no sabor da bebida

Por Marcelo Copello
Atualizado em 13 jan 2023, 15h33 - Publicado em 13 jan 2023, 06h00

Há muitas maneiras de classificar os vinhos. Uma delas é em relação à sua composição. Aqueles feitos com apenas uma casta ou com a predominância desta são chamados de varietais ou, como é comum em Portugal, monocastas. Pela legislação brasileira, um vinho para ser varietal e estampar o nome de uma única uva no rótulo precisa ter ao menos 75% dela em sua composição. os demais, com misturas de variedades, são os chamados cortes, lotes ou blends.

A tradição, sobretudo a europeia, é de vinhos de corte, uma arte em que a maestria dos enólogos se expressa. Através das mesclas, busca- se obter mais complexidade e equilíbrio. O melhor exemplo vem do corte bordalês, o mais famoso do universo de Baco.

As uvas tintas permitidas em Bordeaux são: cabernet sauvignon e merlot, as estrelas, e cabernet franc, petit verdot, carménère e malbec, coadjuvantes. As duas primeiras são no geral as que dominam a maior parte dos vinhos. O cabernet sauvignon agrega taninos, estrutura e longevidade, enquanto a merlot dá mais aromas frutados, corpo e sensação mais aveludada ao paladar. Além disso, a merlot é colhida cerca de duas semanas antes da cabernet sauvignon, além de preferir climas e solos diferentes. isso significa que alguns anos serão melhores para uma e, em outras safras, a outra se dará melhor. Assim, uma mistura das duas, em proporções que variam conforme as características climáticas daquele ano, poderá ser benéfica. Este corte clássico cabernet-merlot, com ou sem as coadjuvantes, é imitado em todo o mundo.

Outro blend tradicional, este da região de Champagne, é dominado pela tinta pinot noir e pela branca chardonnay, igualmente replicado ao redor do planeta em muitos espumantes. A pinot noir dá mais estrutura, mais acidez, frutas vermelhas e, às vezes, até uma ponta de taninos, enquanto a chardonnay aporta elegância, corpo e aromas de frutas amarelas.

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Ainda na França, podemos citar o corte típico mediterrâneo, das tintas grenache, syrah e mourvèdre, conhecido como GSM. na itália, todo tifosi (torcedor fanático) do vinho sabe de cor o corte do Amarone, como quem sabe a escalação da Azzurra. Corvina, molinara e rondinella são as castas clássicas desse vinho (embora não as únicas).

Na Espanha, os tintos da Rioja são um casamento entre a vedete tempranillo, que normalmente predomina, com apoio de mazuelo, graciano e garnacha. No Priorato, a espinha dorsal dos tintos costuma vir da cariñena e da garnatxa (carignan e garnacha/ grenache em suas grafias locais), muitas vezes acrescidos de castas francesas como syrah e cabernet sauvignon. Portugal, com suas mais de 200 castas locais, tem muitos cortes clássicos, como, no Alentejo, alicante bouchet, trincadeira e aragonês, ou, no Douro, touriga nacional, touriga franca e tinta roriz.

L’Eclat de tour de Pez Saint-Éstèphe AOC 2017 Da subrregião de Saint-Éstèphe, em Bordeaux, elaborado com merlot, cabernet sauvignon e cabernet franc, amadurece em barricas de carvalho francês por doze meses, 13% de álcool. Rubi entre claro e escuro, com notas de ameixas, defumados, paladar seco, de médio corpo, com taninos de média estrutura ainda agradavelmente presentes. R$ 249,90, na Evino.

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Clos Gebrat Priorat Doca 2019 Da prestigiosa região do Priorato, do produtor Vinícola del Priorat, elaborado com cariñena, garnacha, cabernet sauvignon e merlot, amadurecido em barricas de carvalho. Aroma de frutas vermelhas bem maduras, especiarias, pimenta, ervas. Paladar de médio corpo, com textura macia, o álcool alto (15%) típico da região, taninos doces, acidez moderada. R$ 259,90, na Evino.

Domaine de Lastours A.O.P. Corbières Syrah Grenache 2019 Um vinho do sul de Corbières, no Languedoc, sul da França, feito com um típico corte mediterrâneo, neste caso syrah (50%), grenache (40%), carignan (10%), sem passagem por madeira. De cor rubi escura, com aroma frutado, notas de frutas vermelhas, ervas e especiarias. Paladar de leve a médio corpo, com taninos prontos, acidez moderada. R$ 152,82, na Wine.

Publicado em VEJA São Paulo de 18 de janeiro de 2023, edição nº 2824

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