Vinho e Algo Mais Por Por Marcelo Copello Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Aprenda a servir o vinho na temperatura correta

Servir a bebida no ponto ideal é algo fácil e simples -- e faz toda da diferença

Por Marcelo Copello
Atualizado em 4 fev 2020, 10h22 - Publicado em 4 fev 2020, 10h13
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  • “Já degustei este mesmo vinho antes. Por que aqui ele parece melhor?” Esta é uma pergunta que me fazem com frequência em cursos que ministro para iniciantes. São vários os motivos — objetivos e subjetivos — que levam os alunos a achar isso. Os principais: o conhecimento sobre a bebida, a taça correta e a temperatura ideal. Vou me ater ao terceiro critério.

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    Nada influi tanto na apreciação de um vinho quanto sua temperatura. Em nosso país, estamos acostumados a extremos em tudo o que bebemos. Café escaldante e cerveja “estupidamente gelada”.

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    O vinho é uma bebida delicada e cheia de nuances. Seria um crime deixar um champanhe congelar ou degustar um grande Bordeaux à temperatura ambiente de 29º C. E que fique claro: vinho tinto à temperatura ambiente só vale se ela por acaso estiver próxima do ideal para o seu estilo.

    Para começar, nenhum vinho ganha se for servido além de 20º C, pois a evaporação do álcool será intensa.

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    Veja, abaixo, algumas das características básicas dos vinhos com a temperatura:

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    Corpo: o olfato é apenas suscetível aos vapores. Os vinhos mais encorpados têm um peso molecular maior que os mais leves, uma das razões pelas quais se degustam os tintos a uma temperatura mais alta que os brancos.

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    Casta: algumas variedades produzem vinhos mais voláteis que outras. Pinot noir, por exemplo, é mais volátil que a cabernet sauvignon, motivo pelo qual os Borgonhas, feitos normalmente com a primeira uva, são geralmente servidos mais frescos que os Bordeaux.

    Tanicidade: tanino é um elemento contido só nos tintos e dá a impressão de travar a boca. Quanto mais baixa a temperatura, mais evidente ele fica, tornando o vinho desagradável se a bebida estiver gelada.

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    Aroma: quanto mais elevada a temperatura, maior a evaporação e, consequentemente, o perfume se acentua. Este reforço deve ser dosado, pois em muitos brancos o perfume já é naturalmente intenso. Temperaturas elevadas conduzem a uma perda da elegância e do frescor, tornando o vinho fugaz. No sentido oposto, temperaturas excessivamente baixas escondem qualquer aroma que o vinho possa ter.

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    Doçura: a característica é acentuada pelo calor e amenizada com o frio. Quanto mais quente o vinho doce for servido, mais doce parecerá.

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    Segue uma sugestão de tabela de temperaturas:

    6º a 8º C – espumantes e vinhos brancos doces em geral. Exemplos: espumantes bruts, moscatéis, sauternes, moscato, tokaji, auslese, late harvest.

    8º a 10º C – brancos meio-doces, alguns brancos secos mais leves e espumantes rosé. Exemplos: gewurztraminer, vinho verde branco, muscadet, sancerre, frascati, orvieto, chEnin blanc, chablis, sauvignon blanc em geral.

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    10º a 12º C – brancos secos de médio corpo e vinhos rosados. Exemplos: Bordeauxs brancos, jerez fino, alemães secos de qualidade, soave, chardonnay.

    12º a 14º C – vinhos brancos mais encorpados e tintos ligeiros. Exemplos: borgonhas brancos 1er cru e grand cru, beaujolais, chinon, valpolicella, bardolino.

    14° a 16º – tintos de médio corpo. Exemplos: côtes du rhône genéricos, chianti comum, barbera, zinfandel.

    16° a 18º C – tintos de médio a bom corpo, tintos envelhecidos, tintos mais macios e menos tânicos, tintos mais alcoólicos. Exemplos: vinho do Porto, borgonha tinto, supertoscanos, primitivo, chateauneuf-du-pape, amarone.

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    18º a 20º C – tintos secos de muitos taninos e não muito álcool. Exemplos: bordeaux tinto grand cru, barolo, barbaresco, brunello di montalcino, rioja reserva e gran reserva

    No Brasil, é raro não haver a necessidade de resfriar um vinho. Caso você não possua uma adega climatizada ou mesmo um termômetro de vinhos, aí vão algumas dicas úteis:

    – Na parte interna da porta de uma geladeira a temperatura fica em torno de 10-12º C.

    – No fundo da geladeira, junto à placa fria, a temperatura ronda os 3-5º C.

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    – Para os tintos que pedem temperaturas mais altas do que 12º C, deixe-os gelar na porta por um período de, no máximo, duas horas.

    – Evite manter vinhos por muitos dias na geladeira, pois a vibração não fará bem ao líquido.

    – É aconselhável usar um balde com gelo e água gelada. Neste caso, deixe os tintos mais potentes por cerca de dez minutos e depois os retire.

    – Se você estiver num local frio, ou se a garrafa estava estocada num lugar mais frio que o ideal, você precisará aquecê-la. O melhor a fazer, neste caso, é o que os franceses chamam de chambré, ou seja, deixar que o vinho ganhe calor na temperatura ambiente da sala onde será bebido até atingir o ponto ideal. Foi desta prática que se originou o errôneo mito de que o vinho tinto se bebe à temperatura ambiente.

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