Conheça os parentes do amarone, prestigiado vinho do norte da Itália
Recioto e ripasso são feitos com as mesmas uvas
O Amarone della Valpolicella, da região do Vêneto, no norte da Itália, é um dos vinhos de maior prestígio do país mediterrâneo, mas poucos conhecem sua origem. Para entendê-lo, é preciso começar pelo Recioto, um tinto adocicado cuja origem remonta à Antiguidade clássica.
Os italianos trazem desde a era romana o gosto por bebidas doces, herdada dos colonizadores gregos. O Recioto foi criado como uma opção mais concentrada e doce ao Valpolicella, vinho leve e seco do dia a dia.
O Recioto, ancestral do Amarone, é feito por appassimento, processo no qual as uvas passam por uma secagem que dura até quatro meses antes da fermentação. Esse método é o mesmo utilizado no Amarone — a diferença é que a fermentação do Recioto é interrompida enquanto ainda tem bastante açúcar, resultando em um líquido doce.
O Amarone teria sido “inventado” ao acaso, quando o Recioto acidentalmente fermentou até o final, ficando sem a doçura esperada e por isso batizado de Amarone (amargão).
O Recioto normalmente tem cerca de 50 gramas de açúcar por litro, ou mais, com teor alcoólico mínimo de 12% (indo até 14%), enquanto os Amarone possuem menos açúcar, de 5 a 7 gramas por litro, e o álcool bem mais alto, com mínimo de 14%, chegando a 17% ou 18%. O Recioto, pai do Amarone, é hoje pouco conhecido fora da Itália, mas pode ser um excelente acompanhamento para sobremesas de chocolate.
O Ripasso é o caçula da família Valpolicella, criado nos anos 1980 pelo produtor Masi, como uma opção mais em conta para o Amarone, ficando no meio do caminho em estrutura e em preço entre esse e o Valpolicella comum. Ripasso literalmente significa “repassado”, e seu processo de elaboração é simples e genial.
Em vez de descartarem as borras grossas (peles das frutas, ainda embebidas em algum vinho) que sobraram da elaboração do Amarone, elas são usadas em uma refermentação com um vinho Valpolicella já pronto, dando-lhe mais corpo e sabores.
Como resultado, temos uma bebida turbinada, com textura, taninos e aromas que lembram um Amarone, porém com um degrau abaixo em teor alcoólico e concentração.
Vale lembrar que tanto o Amarone quanto o Recioto, o Ripasso e o Valpolicella comum são feitos com as mesmas cepas: corvina (predominante, em um mínimo de 45%), corvinone, rondinella, molinara e outras castas locais permitidas, em menor proporção.
Biscardo Valpolicella Ripasso Classico Superiore D.O.C.
Leva corvina, molinara e rondinella e passa doze meses em carvalho. Aroma de cereja preta, caramelo, chocolate. Paladar de bom corpo, seco, acidez moderada, taninos macios, pronto para beber. Custa R$ 199,90. Compre em evino.com.br.
Cesari Mara Valpolicella Ripasso Superiore D.O.C.
Com 70% a 75% de corvina, 20% rondinella mais negrara e rossignola, estagia um ano em carvalho. Cor quase escura, aroma frutado, com notas de cassis, baunilha, chocolate. Paladar de médio corpo, taninos e acidez moderados, fácil de beber. Custa R$ 284,90. Compre em evino.com.br.
Cesari Recioto della Valpolicella Classico D.O.C.G.
Com até dezoito meses em carvalho, leva corvina, rondinella e rossignola-negrara. Cor violácea, aroma complexo, especiarias, passas, figo seco, chocolate, baunilha, cereja marrasquino. De bom corpo, meio-doce, taninos macios. Custa R$ 509,90. Compre em evino.com.br.
Monte Zovo Recioto della Valpolicella D.O.C.G.
De corvina, corvinone e rondinella, tem cor muito escura. Aroma rico, com notas de chocolate, cereja madura, especiarias, canela, baunilha. Paladar encorpado e meio-doce, com taninos macios, longo. Custa R$ 262,50. Compre em amazon.com.br.
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