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Bridgerton: “A série é moderna e queremos trazer identificação”, diz criador

Chris Van Dusen fala à Vejinha sobre a abordagem da produção, assim como o estilo moderno em uma narrativa da Era Regencial; 2ª temporada está na Netflix

Por Barbara Demerov
Atualizado em 1 abr 2022, 12h25 - Publicado em 1 abr 2022, 12h07

A nova temporada de Bridgerton estreou na semana passada e, como o esperado, mantém-se no Top 10 da Netflix sem a menor dificuldade. Não é à toa que o público goste tanto da produção de época: a mistura de gêneros dentro da Era Regencial, com romance, drama e comédia, é um dos pontos altos da trama.

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À Vejinha, Chris Van Dusen, o criador de uma das séries mais vistas da Netflix, dá todos os detalhes sobre o 2ª ano da série. Leia na íntegra abaixo:

O sucesso da 1ª temporada mudou a forma como a equipe criativa abordou os novos episódios?

Chris Van Dusen: Minha ideia era continuar a combinação exitosa da temporada 1 na temporada 2. A primeira temporada funcionou de um jeito tão lindo e mágico que não havia necessidade de mudar a abordagem à história ou aos personagens. No que diz respeito à nossa abordagem, eu queria fazer exatamente o que fizemos antes, porque funcionou muito bem.

Em termos de tom, como você faz para a série parecer historicamente autêntica e moderna ao mesmo tempo?

Tudo nesta série – figurinos, cabelo, maquiagem, cenografia, narrativa e edição – tem um toque muito moderno, uma sensibilidade moderna. Tudo acontece na Era Regencial, mas do nosso jeito. Por exemplo, as mulheres não usam aqueles chapéus mais tradicionais da época. Esse é só um exemplo de como essa série é moderna e como estamos revolucionando o gênero de várias maneiras. 

O que os fãs podem esperar de Anthony, Kate e Edwina no centro das atenções?

Jonathan Bailey, Simone Ashley e Charithra Chandran contribuem muito para a série. Para mim, parte do atrativo de um projeto como esse era poder fazer histórias de amor com finais e enfocar personagens diferentes a cada temporada. A temporada 1 foi obviamente sobre Daphne e Simon, mas nesta temporada acompanhamos Anthony Bridgerton em sua busca por um casamento. E a dinâmica entre os três protagonistas desta temporada é incrível. A química, especialmente entre Jonathan e Simone, é evidente.

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Como foi ver Jonathan Bailey assumindo o papel de protagonista romântico desta temporada, ao mesmo tempo em que seu personagem enfrenta o desafio de liderar a família?

Com Anthony, o tema principal é amor versus dever, ou cabeça versus coração. Sempre gostei de observar os tipos de pressão que o dever impõe sobre uma pessoa, especialmente em relação ao amor, a se abrir e estar disposto a aceitar esse sentimento. Essa é a história de Anthony nesta temporada. Jonathan Bailey foi simplesmente incrível. Ele é uma verdadeira força da natureza e interpretou Anthony com muitas camadas de personalidade. Parte do desafio com Anthony é que na temporada 1 ele fez algumas escolhas interessantes e, às vezes, horríveis. Mas tudo isso deixou o personagem no caminho certo para onde queríamos levá-lo na temporada 2. Ele terminou a temporada passada destruído, então nesta temporada, a ideia era que ele pudesse se recuperar e melhorar. Com certeza dá para entender o Anthony.

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Casal se abraça e sorri
2ª temporada de Bridgerton: romance no ar (Liam Daniel/Netflix/Divulgação)

Como foi a escalação do elenco para as personagens Kate e Edwina, e como Simone e Charithra contribuíram para a série?

Simone Ashley como Kate Sharma é maravilhosa. Durante os testes para o papel, precisávamos de alguém que tivesse uma atitude implacável. Precisávamos de uma pessoa forte e afiada. E Simone é tudo isso, mas também tem esse lado vulnerável da Kate. As camadas de personalidade com as quais Simone interpretou a personagem são surpreendentes. A gente torce para a Kate, quer que ela coloque o Anthony no lugar dele. Mas também queremos que a Kate se abra, se apaixone e baixe a guarda. Tudo isso demonstra o talento da Simone. Edwina Sharma se apresenta como essa personagem muito recatada e ingênua. Charithra fez a audição e acertou em cheio. Olhei para a minha equipe e, na hora, todo mundo sabia que tínhamos encontrado a nossa Edwina Sharma. Ela tem essa ingenuidade, mas também uma agudeza e uma astúcia. Isso também demonstra o talento da Charithra. 

Além da história central de amor romântico, esta temporada também trata do amor de irmãs. Você pode falar sobre a importância do vínculo das irmãs Sharma?

Esse amor de irmãs é tão importante quanto qualquer dinâmica romântica na série. Kate passou a vida toda cuidando da irmã mais nova e colocando as necessidades dela acima das suas. Isso cria uma dinâmica muito interessante entre as irmãs Sharma. Na sala de roteiro, sempre dizemos que nossas personagens femininas não podem ser meramente decorativas. Queremos que elas sejam complicadas, humanas, com defeitos. Para mim, isso constrói melhores personagens porque parecem reais.

Nesta temporada, Kate e Anthony têm tantas semelhanças que às vezes acabam brigando. O que une esses dois?

Anthony e Kate são muito parecidos e acho que é isso que une os dois. Eles são um espelho para o outro. Quando alguém passa pelas mesmas coisas que você, enfrenta os mesmos demônios e problemas, isso é reconfortante de várias maneiras. Kate e Anthony colocam suas famílias em primeiro lugar em detrimento de si mesmos. Os dois se consideram protetores e chefes de suas famílias, mas não acreditam que o amor seja possível para eles. É interessante que esses dois personagens sejam de alguma forma capazes de encontrar essas semelhanças e despertar as melhores partes um do outro. No começo, Kate e Anthony se veem apenas de um jeito: os chefes de suas famílias. Mas ao longo da temporada, eles descobrem que são muito mais do que isso, que são capazes de amar e que estão descobrindo quem são e quem querem ser. 

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Bridgerton cria um mundo que reflete mais o nosso, priorizando o elenco inclusivo. Você pode falar sobre esse trabalho consciente e por que isso é importante para a identidade da série?

Desde o começo da série, minha ideia era fazer a produção de época que eu sempre quis ver: um mundo inclusivo, multicolorido e multiétnico, de forma que qualquer pessoa assistindo em casa pudesse se ver refletida na tela. É isso que torna Bridgerton especial.

Foi uma escolha deliberada fazer das Sharma uma família sul-asiática. Por que você tomou essa decisão criativa e como isso amplia o mundo da alta sociedade?

Mudar a família Sheffield dos livros para a família Sharma na série foi uma escolha natural para continuar a expansão do mundo de Bridgerton. É uma produção de época, mas é moderna, e por isso queremos que o público moderno se identifique com ela. Fiquei emocionado com a resposta à família Sharma. Não somos uma série daltônica – abordamos temas como cor e raça, assim como classe, gênero e sexualidade. 

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Você pode falar um pouco sobre o trabalho de tornar a cultura sul-asiática da família Sharma uma parte autêntica da série?

Trabalhei com vários historiadores e consultores, e tive um grupo incrível de roteiristas nesta temporada. Tínhamos um objetivo: conseguir a maior autenticidade possível. Dá para ver a autenticidade e os detalhes da tradição sul-asiática das Sharma ao longo da série. E também o vínculo estreito que existe nessa família. Eu sempre quis ver, fazer e ouvir coisas que normalmente não são vistas, feitas ou ouvidas em produções típicas de época, e as Sharma são um reflexo disso. 

Bridgerton é conhecida pelas cenas de amor mais tórridas. Como foi o trabalho com os coordenadores de intimidade? E qual é a importância de criar um ambiente seguro no set?

Acho que não conseguiríamos fazer a série sem a ajuda dos coordenadores de intimidade. Toda cena íntima começa com uma conversa comigo, o coordenador de intimidade e o diretor. Falamos sobre o que queremos em cada cena e que história estamos contando. Nós não fazemos cenas íntimas só por fazer. Cada cena íntima tem um propósito e é abordada como uma acrobacia. É profundamente coreografada, é muito técnica. Sua mão vai aqui, sua perna vai ali. A ideia é deixar os atores seguros e confortáveis.

Bridgerton tem uma legião de fãs graças aos livros de Julia Quinn. Como vocês fizeram para manter a fidelidade aos livros e, ao mesmo tempo, criar histórias novas e interessantes para surpreender o público?

Em qualquer adaptação haverá diferenças em relação ao material de origem. Para mim, a questão sempre foi permanecer fiel à essência e ao espírito dos livros. Queremos capturar a energia da família Bridgerton e também apresentar novos mundos e personagens. Eu queria descobrir e explorar o que acontece fora dos limites de Grosvenor Square. Dá para ver essa expansão com Benedict e o mundo da arte, e também com personagens como Will e Alice. 

As cenas de baile, que desempenham um papel importante tanto para o enredo quanto para o visual de Bridgerton, estão de volta. Qual é a importância dos bailes e como eles são nesta temporada?

As cenas de baile são essenciais para esta série. Elas são como as cenas de tribunal em uma série jurídica ou as cenas de sala de cirurgia em uma série médica. Só que tem música, roupas de festa, cenografias incríveis e danças coreografadas. É um dos poucos lugares onde todos os personagens podem estar juntos em um mesmo ambiente. E na Era Regencial, o único lugar em que dava para estar em contato próximo com alguém era a pista de dança. Todas as cenas de baile começam com um encontro. E todos os bailes têm temas. Às vezes são temas do roteiro e outras vezes surgem de conversas das nossas reuniões de preparação. Sean “Jack” Murphy, nosso coreógrafo, é incrível. A energia dele é contagiante. Ele trabalha com nossos atores para as danças, mas também para os movimentos. Ele ensina as mulheres a ficar de pé, por exemplo, ou em uma sala e fazer uma reverência à rainha Carlota. Jack e eu passamos muito tempo conversando sobre as emoções de cada dança e a história que queremos contar com cada dança. Escolhemos as músicas juntos. Muitas vezes essas músicas são substituídas na pós-produção assim que vejo a cena montada, mas isso não muda a emoção e a história que estamos contando entre os personagens.

A música se tornou parte integrante de Bridgerton na última temporada, e os fãs adoraram. Como a música ajuda a conectar os temas modernos da série com a Era Regencial?

As versões orquestrais de músicas pop modernas são um dos meus elementos favoritos da série. Coloquei essas músicas na minha playlist, e elas estão se tornando as minhas favoritas de todos os tempos. Na temporada passada, a música foi definida na pós-produção. Quando vimos a série como um todo, experimentamos coisas diferentes, como usar só músicas modernas ou só clássicas. E acabamos usando essas versões orquestrais de músicas pop modernas. A ideia é que o público em casa fique tão animado quanto os personagens nesses bailes. Nesta temporada, fizemos algo divertido: pedimos para o compositor Kris Bowers criar as versões orquestrais das músicas. Por exemplo, quando eu sabia que queria usar uma música pop moderna específica para uma determinada cena, pedia para o Kris fazer a versão. Foi incrível. 

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Figurino, cabelo e maquiagem são partes importantes desse mundo. Você pode falar sobre o figurino desta temporada, comandado pela figurinista Sophie Canale, e o cabelo e a maquiagem, que ficaram por conta de Erika Ökvist?

Sophie, Erika e suas equipes fizeram um trabalho incrível nesta temporada. Cada figurino é uma obra de arte por si só. Todos os figurinos da rainha Carlota são de cair o queixo. Era importante contar uma história com os figurinos, assim como com o cabelo e a maquiagem. Por exemplo, Kate Sharma começa a temporada parecendo muito estruturada. Ela usa tecidos mais pesados no início e está sempre tensa. Ela é muito arrumada e organizada e seu cabelo é mais rígido. Mas ao longo da temporada, quando ela começa a baixar a guarda, o cabelo e a maquiagem ficam mais livres e soltos. O figurino dela começa a ficar um pouco mais fluido. É lindo. A diferença entre a Kate do início e do fim da temporada é uma completa evolução. Essa transformação é parecida com a do Anthony. Visualmente, Anthony está se tornando o visconde que o pai sempre o desafiou a ser. Quando vemos o Anthony pela primeira vez nesta temporada, ele tem um visual sob medida. Ele também está sempre tenso. Usa cores escuras, meias escuras. Mas ao longo da temporada, ele fica mais leve. No final, ele usa cores mais claras porque vai ficando cada vez mais parecido com o pai. Erika e eu conversamos muito sobre as costeletas do Anthony no início da temporada. Votei para tirar as costeletas porque, para mim, elas eram um símbolo do velho Anthony, aquele Anthony libertino e festeiro. Nesta temporada, ele tinha que dar o seu melhor, então tinha que tirar as costeletas. Ele tinha que ser esse visconde que obedece às leis e precisa de uma esposa. 

O que você mais quer que o público veja na 2ª temporada de Bridgerton?

As melhores palavras para descrever a temporada 2 seriam romântica, tensa, carregada e emocionante. E são exatamente esses os elementos que eu quero que o público veja e sinta quando Bridgerton finalmente voltar para a segunda temporada.

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