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A Tal Felicidade

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Saúde, bem estar e alegria para os paulistanos

Seja feliz, pense negativo!

Luiz Gaziri, autor do livro "A Ciência da Felicidade", ressalta como o pensamento negativo pode nos tornar mais realistas - e mais motivados

Por Luiz Gaziri
Atualizado em 18 dez 2020, 16h15 - Publicado em 18 dez 2020, 06h00
Pensamento positivo não é sinônimo de resultados (somente para os gurus que enriquecem com o bordão)
Pensamento positivo não é sinônimo de resultados (somente para os gurus que enriquecem com o bordão) (Klaus Vedfelt/Getty Images)
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“Você tem de olhar no espelho e dizer: ‘eu vou conseguir, vou atingir minha meta, vou chegar lá’”, afirmou um guru motivacional em um evento de que participei. No mundo da autoajuda, uma das crenças mais enraizadas é a de que pensar positivo faz maravilhas por nós. Segundo os profissionais da área, pensamentos têm frequências magnéticas e, uma vez que o objeto de seu desejo receba essa frequência, a “lei de atração” fará com que ele se mova em sua direção. No entanto, a Ferrari a qual eu transmiti meus pensamentos positivos continua na loja. Será que estou pensando positivo de forma errada, ou será que errado é pensar positivo?

Por mais de vinte anos, a cientista Gabriele Oettingen, da Universidade de New York, fez descobertas que deixarão os fãs de O Segredo decepcionados. Em uma de suas pesquisas, estudantes universitários do último ano deveriam informar quão positivo pensavam em encontrar um emprego. Dois anos mais tarde, Oettingen descobriu que aqueles que pensavam positivo frequentemente eram os que tinham menos chances de estar empregados. Resultados similares ocorreram quando a cientista avaliou a probabilidade de pessoas iniciarem um relacionamento amoroso, tirarem nota alta em uma prova e se recuperarem de uma cirurgia: quanto mais pensamento positivo, menos sucesso elas obtinham. Oettingen revela que o pensamento positivo gera uma redução na pressão sistólica do coração — um sinal de relaxamento. Evidências apontam relação direta entre pressão sistólica e motivação, portanto quem pensa positivo perde o combustível que faria com que agisse em direção aos seus objetivos. Não por acaso, os universitários que fantasiavam frequentemente em encontrar emprego enviaram menos currículos!

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Infelizmente, o mundo da autoajuda está repleto de “gurus” que lucram alto vendendo aquilo de que as pessoas gostariam que fosse verdade: é sedutor acreditar que o poder do pensamento traz Ferrari e cura o câncer. O ser humano é obcecado por atalhos para o sucesso, tornando-se presa fácil para charlatões com promessas milagrosas — os únicos a conseguir a Ferrari, comprada à vista, é claro. É interessante perceber que, quando as pessoas não alcançam seus desejos mesmo após pensar positivo e pagar fortunas por livros, seminários, consultas e remédios, os gurus jogam a culpa na vítima: “Você não está pensando positivo direito”. É óbvio: se você não conseguiu a Ferrari ou não se curou do câncer, a culpa é toda sua, nunca do método ensinado pelo charlatão.

No entanto, seu caminho para a felicidade pode se tornar livre de furadas caso você siga outro método: o científico. Os experimentos de Oettingen revelam que “o segredo” para alcançar objetivos é, pasme, pensar negativo! Quando pensamos nas dificuldades a enfrentar para chegarmos aonde almejamos, a pequena carga de stress gera melhor planejamento, aumento na motivação e, consequentemente, na probabilidade de agirmos. Portanto, quando estiver diante do espelho, faça o seguinte exercício: Será que eu vou conseguir? Como vencerei os obstáculos para atingir minha meta? O que pode me impedir de chegar lá? Duvidar de si mesmo, por mais contraditório que pareça, é a ação que trará a felicidade que você tanto busca.

Luiz Gaziri é autor do livro A Ciência da Felicidade, consultor empresarial e professor de pós-graduação na FAE Business School.
Luiz Gaziri é autor do livro A Ciência da Felicidade, consultor empresarial e professor de pós-graduação na FAE Business School. (Zé Dambrósio Neto/Veja SP)
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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 23 de dezembro de 2020, edição nº 2718.  

 

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