Instalação na Pinacoteca faz referência à Brasília e Niemeyer
A obra de Lais Myrrha, uma cúpula composta por uma seção de circunferência localizada a 1,3 metros do chão, estará em exposição até dia 21 de fevereiro
Mais do que se acomodar aos espaços em que são erguidas, as instalações de Lais Myrrha os transformam radicalmente. Foi assim em 2014, quando a artista plástica mineira reconstituiu com placas de concreto, andaimes e muita tensão o desabamento do Pavilhão Gameleira, em 1971, em Belo Horizonte, em um dos pisos do centro cultural Pivô, na região central da capital paulista. Era um projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012).
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Em 2016, esse sentimento se repetiu na 32ª Bienal de São Paulo, com as torres de Dois Pesos, Duas Medidas (2016), de 8 metros de altura cada uma. E segue assim na obra Condensador de Futuros, no octógono da Pinacoteca. Trata-se de uma seção de uma circunferência, suspensa a 1,3 metro do chão, a qual lembra a cúpula do Senado. Também remete a um disco voador em busca de passageiros. Afora a aparência, a curadora Ana Maria Maia destaca a referência a Niemeyer (olha ele aí de novo) e à política nacional de povoamento maciço da região Centro-Oeste, coroada pela construção de Brasília (novamente ela, também). Em ano de eleição e de ômicron, o título da obra também se faz importante ao parecer evocar o cultivo de sonhos em meio à crise.
Pinacoteca. Praça da Luz, 2, Bom Retiro. Qua. a seg., 10h/17h30. R$ 20,00. Grátis aos sábados. Até 21 de fevereiro. pinacoteca.org.br.
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771