Restaurant Week: um caso de amor e ódio
Neste post, não sou eu quem vai opinar sobre a Restaurant Week. Convidei dois colegas da redação, que não são especialistas em gastronomia, para comentar suas impressões do evento que começa hoje. Os editores Fernando Masini e Daniel Bergamasco falam com franqueza o que acham da programação, que nesta edição se estende por três semanas. […]
Neste post, não sou eu quem vai opinar sobre a Restaurant Week. Convidei dois colegas da redação, que não são especialistas em gastronomia, para comentar suas impressões do evento que começa hoje. Os editores Fernando Masini e Daniel Bergamasco falam com franqueza o que acham da programação, que nesta edição se estende por três semanas.
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Masini é daqueles que curte e colecionou boas experiências nos lugares em que esteve. Bergamasco, porém, acho o evento um mico em quase todas suas visitas.
Vejamos o que eles dizem:
Satisfação garantida nos endereços que visitei
Por Fernando Masini
Não vejo malícia dos restaurantes com o objetivo de oferecer menos para o cliente quando se fala em Restaurant Week. Gosto do evento e acho que ele dá oportunidade a paladares menos gourmetizados, a pessoas menos acostumadas a circular por estabelecimentos estrelados de conhecer casas mais caras a preços razoáveis. São 37,90 reais do almoço e os 49,90 do jantar por um menu completo. Em alguns lugares à noite, a conta pode facilmente ultrapassar 150 reais.
Frequentei as últimas quatro edições do evento e saí satisfeito. Na trattoria La Grassa, posso afirmar que não há diferença de atendimento e qualidade dos pratos quando comparamos a experiência num dia comum e a experiência durante o evento. É um local que vou com frequência e testei durante a Restaurant Week.
Também tive a oportunidade de conhecer lugares novos na cidade estimulado pela refeição oferecida durante o período promocional. Foi assim no contemporâneo Ecully no ano passado, onde comi um delicioso pernil de vitelo com polenta e farofa de milho. Coleciono algumas experiências positivas e não posso me queixar (esse restaurante não participa desta edição).
Não penso, com isso, que inexiste insatisfação de alguns clientes durante o evento. Mas acho que se trata de um desconforto comum e recorrente mesmo em visitas fora da Restaurant Week. Lembrando também que durante as três semanas de promoção, muitas casas costumam lotar mais do que o habitual, o que acaba tornando o serviço um pouco mais lento. Nesse caso, uma dose extra de paciência é sempre recomendável. Atire a primeira pedra quem nunca se queixou de um garçom preguiçoso ou de uma porção pequena quando você está morrendo de fome? Sabe o que acontece? É a tal predisposição de que quando se fala em promoção e desconto já pensamos em algo malfeito, faltando os pedaços, meia boca. Já saímos de casa querendo meter o pau. Felizmente, sou um otimista, não penso assim.
A Restaurant Week e a ilusão do “bom e barato”
Por Daniel Bergamasco
Três semanas para comer bem no almoço ou no jantar em alguns dos restaurantes mais conceituados da cidade, sem que a inventividade dos chefs, o agrado ao paladar e a cortesia do atendimento sejam proporcionais ao amargor da conta. Em conceito, a São Paulo Restaurant Week soa mesmo como uma grande oportunidade. Na prática, porém, lembra um daqueles ilusórios “bons e baratos” tão comuns nesta metrópole que se orgulha (com razão) do que recebe à mesa. (Na mesma linha de alguns descolados food trucks que têm a coragem de cobrar quinze reais por um milk-shake preparado com sorvetes que encontramos na folhinha de ofertas do supermercado).
+ Receita: tiramisu original. É bico!
As minhas experiências, desde os anos iniciais do evento até todas as últimas quatro edições, se mostraram, com exceções, medianas ou ruins e desmentem os predicados esperados para a ocasião, citados na primeira linha deste texto.
Pior ponto: “cortesia do atendimento”. Mais do que o guardanapo ser de linho ou papel, essa é uma das verdadeiras divisões entre os lugares de bom e mau nível. Por diversas vezes, apesar da reserva feita, esperei um bom tempo à porta, ao lado de outros clientes tratados como pidões para os quais o estabelecimento parecia fazer o grande favor de servir. Não raro, garçons acostumados a receber bem surgem afobados e até grosseiros. Por que um tratamento de forma diferente da habitual? A impressão de que o motivo pode ser a crença de que os presentes não são comensais frequentes incomoda: seriam menos dignos de estar ali? Ser educado vale muito e não custa mais caro. Em vez de atrair os novos clientes para uma futura visita, a descortesia acaba os afugentando.
Outro mito da Restaurant Week: o da conta barata. Não é bem assim. Primeiro porque os pratos oferecidos, muitas vezes, não estão no padrão da casa ou são trazidos em porções reduzidas. Os 37,90 reais do almoço e os 49,90 do jantar por um menu completo são razoáveis, mas a água, o suco, o café e o manobrista, tudo continua igual. É bobear um pouco e lá se vão mais de oitenta reais por pessoa.
Se hoje essa “week” dura três semanas em São Paulo e se espalha por cerca de quinze cidades, é porque se trata de um sucesso para os organizadores e interessa aos estabelecimentos. Mas fica a sensação de que, tirando o marketing embalando uma ótima ideia, sobra pouca preocupação em dar aos clientes, sejam eles costumeiros ou eventuais, o que verdadeiramente merecem.
+ Receita: il vero fettuccine Alfredo
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