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Vítima de violência sexual recebe Bíblia dentro de hospital referência em aborto legal

"Hospital não deve ter religião conectada", diz paciente grávida; Diretor afirma que foi engano de voluntária

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 19 ago 2021, 20h33 - Publicado em 19 ago 2021, 20h33
Imagem mostra fachada do Hospital Pérola Byington
 (Mario Rodrigues/Veja SP)
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Uma jovem de 26 anos afirma ter recebido uma Bíblia dentro do Hospital Pérola Byington, na Bela Vista, referência em aborto legal na quarta-feira (18). A moça, vítima de violência sexual, esperava na fila de atendimento do exame de ultrassonografia quando recebeu uma caixa de absorventes e o livro sagrado.

“Nem cheguei a abrir porque não gosto, mas hospital para mim não deve ter religião conectada ou falar sobre qualquer religião. Na hora pensei, ‘nossa, estou aqui pra fazer algo que a religião não concorda e recebo uma Bíblia?’ Eu não me senti bem, achei contraditório, isso até confunde porque fui criada por uma família religiosa e quando recebi pensei que poderia ser um sinal, mas sei que o Deus que acredito não é contra isso”, afirmou a jovem ao G1.

Vítima de violência sexual recebe Bíblia dentro de hospital referência em aborto legal

Segundo a legislação brasileira, mulheres podem optar por abortos em casos de gravidez decorrente de estupro, risco de vida à mulher ou gestação de feto anencéfalo.

A denúncia foi recebida pela documentarista Juliana Reis, do projeto Milhas pelas Vidas das Mulheres, que trabalha desde 2019 orientando mulheres vítimas de violência. Juliana estava estava acompanhando via Whatsapp o atendimento da jovem no hospital quando ela contou sobre o recebimento do “presente”: “Engraçado que me deram uma Bíblia na fila do ultrassom. Não só para mim mas para todas as mulheres que estavam lá. Não quis recusar pois todos estavam aceitando.”

Segundo Juliana, a vítima seguiu com o processo e passa bem.

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De acordo com o diretor do hospital, Luiz Henrique Gebrim, o presente foi entregue por engano por voluntárias. “Nós tínhamos uma equipe que fazia humanização de forma voluntária, são senhoras da sociedade que queriam ajudar principalmente pacientes de câncer. É um kit que a gente recebe e algumas colocaram Bíblia também, mas não pode distribuir qualquer material gráfico dentro do hospital, já suspendemos, alertamos as voluntárias e estamos pessoalmente checando as abordagens”, afirmou.

“[As voluntárias] inadvertidamente acharam que eram pacientes de câncer, até porque 95% das pacientes que agendam exame conosco são de câncer. Claro que infelizmente isso ocorreu e o paciente sensibilizado pode entender esse tipo de ação como contradição, e na verdade nós proibimos o que foi feito pelas novatas. Mas a gente está acostumado a chegar a hotel e ter Bíblia. Ninguém obrigou ninguém a receber e ler o assunto.” continua.

Confira a nota completa da unidade de saúde:

O Hospital Pérola Byington lamenta o desconforto e repudia qualquer atitude contrária à liberdade de consciência e de crença quanto o caráter laico de instituições públicas, previstos em Constituição.

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Para que situações como esta não se repitam em nenhum setor do hospital, a direção do Hospital Pérola Byington realizou nova reunião com profissionais e voluntários do setor de humanização e capelania hospitalar, reforçando a obrigatoriedade do cumprimento das normas estabelecidas pelo serviço, que respeita as escolhas individuais de suas usuárias e, justamente por isso, não permite a distribuição de panfletos ou livros como o citado pela reportagem em qualquer setor, considerando inadmissível qualquer coação às suas pacientes.

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Cabe acrescentar que, segundo a direção, a distribuição indevida ocorreu no setor de ultrassom que atende pacientes acompanhadas por diversas frentes de atendimento, incluindo a Oncologia e mulheres assistidas no Ambulatório de Violência Sexual do Programa Bem me Quer.

O hospital lembra a todos que disponibiliza Ouvidoria para acolher qualquer paciente ou usuário, acolhendo dúvidas e queixas. Os contatos podem ser feitos pelo e-mail crsm-ouvidoria@saude.sp.gov.br e telefone (11) 3232-9021 ou 9000.

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