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Um ano do muro de vidro da USP: obras paralisadas e sem prazo de término

Cerca de dez placas de vidro estão quebradas no local; segundo a USP, manutenção depende da retomada da construção, que ainda não tem previsão

Por Guilherme Queiroz
1 abr 2019, 17h14

A inauguração parcial do muro de vidro da Raia Olímpica da Universidade de São Paulo completa um ano nesta sexta-feira (4). Anunciado em julho de 2017 durante a gestão de João Doria (PSDB), o muro, que fica na Cidade Universitária, Zona Oeste, foi fruto de uma parceria entre a prefeitura e a USP, e consiste na derrubada da estrutura de alvenaria que divide a raia da Marginal Pinheiros pela construção de uma estrutura transparente.

As obras do projeto não foram concluídas, e encontram-se paralisadas desde o final de dezembro, sem previsão de retomada. Atualmente, cerca de dez placas que compõem a estrutura estão quebradas. Segundo a universidade, cerca de 2 quilômetros do muro de vidro foram construídos, e resta ainda 1 quilômetro do muro de alvenaria para demolição.

Com custo de aproximadamente 20 milhões de reais, a ação foi bancada em forma de doação por 55 empresas privadas, que responderam a um chamamento publicado no Diário Oficial para a realização de um projeto de revitalização da Raia Olímpica. Após a conclusão das obras, a manutenção deve ficar na mão da USP. Duas semanas após a inauguração, foram registrados casos de vidros estilhaçados. 

O projeto foi feito pelo escritório Jóia Bergamo Arquitetura e Design de Interiores, responsável também pela polêmica reforma do Palácio dos Bandeirantes. Desde abril foram contabilizadas pelo menos trinta placas quebradas.  

A primeira hipótese era de que o muro seria alvo de vandalismo, mas laudo preliminar da Polícia Civil divulgado em outubro mostrou que um erro no projeto de instalação e problemas no transporte das placas de vidro estariam entre as causas do problema. Segundo a instituição, as investigações conduzidas pela superintendência de polícia técnico-científica foram concluídas, e estão sendo analisadas.

Questionado pela reportagem, o órgão não respondeu se foram encontradas novas hipóteses para o aparecimento de placas quebradas desde o laudo preliminar de outubro. Foram registrados 31 casos de dano e furto de materiais do muro na 93º DP do Jaguaré até o final do mês passado, na qual uma pessoa foi presa em flagrante em novembro. 

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Atualmente as placas de vidro que estão quebradas não são substituídas. Segundo a USP, a manutenção deve voltar a ocorrer com a “retomada normal das obras”, o que ainda não tem prazo definido, e depende de “um necessário ajuste no projeto de instalação, que deve envolver a prefeitura, as empresas e a USP”. Procurada sobre o posicionamento da universidade, a prefeitura informou no entanto que “a obra não é de responsabilidade do município”.

“Foi um problema técnico, o vidro tem dilatações diferentes do suporte, ele acaba se estilhaçando porque não tem uma estrutura maleável entre as placas e as colunas”, conta o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Mackenzie, Silvio Sant´Anna. Segundo ele, a situação poderia ter sido amenizada caso tivesse sido instalado outro tipo de material. “Ele colocaram o vidro temperado, que quando quebra se esfarela”, explica. “Se fosse o laminado, quando cede o vidro ficaria retido em uma película, pelo menos a raia ficaria menos vulnerável”.

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A paralisação é alvo de críticas de estudantes que frequentam o local. Para o membro da equipe de remo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Guilherme Françoso, a situação é de descaso. “Os vidros que eram para ser usados para substituir os que quebram estão abandonados”, conta ele.

A reportagem esteve presente no local na última sexta (29), e encontrou placas envolvidas por trepadeiras. Cada vidro custa pelo menos 4 000 reais. 

Ilustração divulgada em junho de 2017 mostra como ficaria o projeto feito pelo escritório Jóia Bergamo de Arquitetura e Design de Interiores (Divulgação/Veja SP)

Para Sant´Anna, o objetivo inicial do projeto também não foi atingido. “Eles queriam integrar melhor a raia à cidade, instalando um muro transparente”, mas para o professor, a questão é mais complexa. “Não é simplesmente derrubar um e construir o outro, o projeto precisa ser reavaliado, quem passa ali de carro não fica contemplando a paisagem, é uma via expressa.”

Procurado, o escritório Jóia Bergamo de Arquitetura e Design de Interiores não se pronunciou sobre o caso até a publicação desta reportagem.

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