Em 2006, o policial civil Elcio Mello Junior integrou a força-tarefa que reprimiu os ataques promovidos por uma facção criminosa na capital paulista. Atualmente, faz parte do grupo que investiga o assassinato da advogada Mércia Nakashima. Mas engana-se quem pensa que esses são os momentos de maior brilho em seus dez anos de carreira: ele é o primeiro brasileiro a se destacar no Swat Round-Up International, competição anual promovida pela elite da polícia americana. O evento reúne desde agentes do FBI até profissionais de segurança da Nasa. A 28ª edição ocorreu em novembro, em Orlando, na Flórida, quando mais de 550 homens de nove países — EUA, Brasil, Alemanha, Hungria, Jamaica, Bósnia, Canadá, Bahamas e Kuwait — enfrentaram, em equipe ou individualmente, variados testes para provar sua aptidão no combate ao crime.
Na sua primeira participação, em 2008, Mello viajara apenas com a intenção de conhecer as competições e os adversários. Acabou voltando dos Estados Unidos com a décima posição geral no Swat Super Cop — a principal prova do torneio, um circuito de 9 quilômetros com diversos obstáculos, trechos de mergulho e de prática de tiro, com o tempo cronometrado. Em 2009, mais bem preparado, faturou a primeira colocação na classificação geral. “Eu já sabia mais ou menos como era a prova e foquei meu treinamento em cima disso”, conta. No ano passado, teve outro ótimo resultado — ficou em terceiro lugar no Swat Super Cop e ainda estabeleceu o recorde mundial na categoria Upper Body Strength, que mede a força dos membros superiores do corpo.
Formado em administração de empresas e direito, Mello, de 32 anos, entrou na polícia por influência de um tio. Antes, aventurou-se como guitarrista de uma banda pop ao lado do irmão, Eduardo, e mais dois amigos. Fãs dos Menudos, os quatro chegaram a se apresentar em barzinhos do Guarujá. Está solteiro desde maio, quando recebeu um ultimato da mulher: teria de escolher entre a polícia e o casamento. Escolheu.
Mello segue uma regrada rotina de exercícios para dar conta das tarefas que enfrenta como investigador do Serviço de Operações Especiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (SOE-DHPP). Com 1,80 metro e 80 quilos, ele reserva uma hora por dia para treinos, que vão de corrida e musculação a prática de tiro e artes marciais. O condicionamento físico impecável faz com que acumule fãs entre os próprios colegas. “Mello colocou o nome dele e o da Polícia Civil de São Paulo em um lugar nunca antes alcançado, e seu desempenho serve de motivação para toda a corporação”, afirma o chefe do SOE-DHPP, Cássio Cardosi, que atuou como uma espécie de treinador dos cinco integrantes que o Brasil enviou aos EUA em novembro. O resto do grupo, no entanto, não acompanhou os resultados de Mello. A esperança de uma boa colocação no último evento desmoronou quando um dos membros do time fraturou uma costela logo no primeiro dia de prova. Resultado: a equipe nacional acabou na quinquagésima e penúltima posição.