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São Paulo é a cidade mais desigual do Brasil em acesso ao emprego

Estudo divulgado nesta quinta-feira (16) afirma que há grande diferença de oportunidades entre áreas nobres e mais pobres da cidade

Por Agência Brasil
16 jan 2020, 18h10
Imagem mostra congestionamento de carros na Marginal Pinheiros
Trânsito na Marginal Pinheiros (Marivaldo Oliveira/Estadão Conteúdo/Veja SP)
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Estudo mostra que São Paulo é a cidade mais desigual do país quando o assunto é o acesso a emprego. Na capital paulista, os 10% mais ricos têm mais que nove vezes mais empregos disponíveis a uma distância de 30 minutos de caminhada de onde moram que os 40% mais pobres.

A informação está em diagnóstico apresentado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O levantamento aponta que o acesso a educação, emprego e saúde nas 20 maiores cidades brasileiras se dá de forma desigual quando são analisadas pessoas de diferentes faixas de renda e grupos raciais. Segundo o geógrafo do Ipea Rafael Pereira, o estudo mostra que há um padrão: pessoas brancas e de renda mais alta têm acesso a essas oportunidades e serviços mais próximos de casa.

“Seja caminhando a pé, seja de transporte público, ou de bicicleta, essas pessoas têm facilidade muito maior de acessar oportunidades de emprego, saúde e educação. Essas desigualdades variam muito entre cidades no Brasil, mas são marcantes em praticamente todas as cidades”, afirma ele, que trabalhou em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento.

Segundo o pesquisador, as oportunidades de emprego estão concentradas nos centros urbanos, exigindo maiores deslocamentos e provocando maiores desigualdades.  A pesquisa explica que São Paulo tem uma concentração de oportunidades muito distantes entre centro e periferias.

Por outro lado, no Rio de Janeiro os 10% mais ricos têm três vezes mais empregos disponíveis a uma distância de 30 minutos de caminhada a partir de onde moram que os 40% mais pobres, o que pode estar relacionado à presença de comunidades pobres mais próximas da região central.

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As desigualdades raciais também ficam claras quando os deslocamentos são analisados. Em Belo Horizonte, Curitiba e Campinas, a população branca têm uma oferta duas vezes maior de serviços de saúde de alta complexidade a uma distância a pé de até 60 minutos de suas residências que a população negra.

Rafael Pereira sugere que uma política de longo prazo que pode reduzir esse problema é o investimento em um desenvolvimento urbano que desconcentre as oportunidades, aumentando a presença de polos empregadores fora dos centros, em locais servidos por transporte público. “É saudável para as cidades distribuir melhor o centro econômico”, avalia ele. “Nas periferias das cidades, é possível encontrar desertos de oportunidades. Têm pessoas morando ali, mas elas têm oferta muito menor de serviços públicos de educação e saúde, e a oferta de serviço de transporte público é mais limitado”.

O geógrafo explica que a pesquisa gerou um banco de dados que está disponível para gestores públicos, pesquisadores e cidadãos interessados. Tanto a íntegra do estudo como uma plataforma digital foram publicados na internet para permitir esse acesso.

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A pesquisa faz estimativas de acessibilidade a pé e de bicicleta para as vinte maiores cidades do país, e por transporte público para sete capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Curitiba.

Por outro lado,  pesquisador avalia que as políticas públicas de educação e saúde foram mais bem sucedidas em capilarizar esses serviços. Com exceção de Brasília, a população das maiores cidades brasileiras gasta entre cinco e dez minutos de bicicleta para chegar até uma unidade de ensino médio mais próxima.

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