Saiba como Guil Blanche se destacou no mercado de retrofit do Centro
Investidas do dono da Planta.Inc na Vila Buarque vem revitalizando o bairro; sua nova empreitada é edifício Renata Sampaio Ferreira, tombado pelo patrimônio
Um dos principais entusiastas da criação de jardins verticais na capital, desde 2019 Guil Blanche voltou os seus olhos para outras paisagens, mais especificamente a dos antigos prédios subtilizados no bairro que ele considera “o mais legal” de São Paulo, a Vila Buarque. Por lá ele já executou com a empresa que criou, a Planta.Inc, cinco projetos de retrofit, sendo o mais recente o icônico Edifício Renata Sampaio Ferreira, assinado por Oswaldo Bratke, grande expoente da arquitetura moderna paulista. O prédio abrirá as portas no dia 28 deste mês após uma repaginação de 50 milhões de reais. Mais do que um edifício tombado pelo patrimônio voltado para a moradia, com 93 unidades que vão de 24 metros quadrados aos dúplex de 284 metros quadrados, Blanche quer fazer do local um complexo cultural e gastronômico, com bar, café, espaço para eventos e até a possibilidade de qualquer pessoa, não só os futuros inquilinos, usar a piscina e sauna em sistema day use.
A transformação das lajes comerciais do edifício em espaços residenciais é assinada pela Metro Arquitetos. Todas as unidades serão entregues já mobiliadas, inclusive com direito a luminárias fruto de parceria com Paulo Mendes da Rocha (1928-2021). Todas serão locadas no conceito multifamily, muito popular nos Estados Unidos e que vem caindo no gosto dos fundos de investimento imobiliário brasileiros. Em outros prédios já lançados pela Planta.Inc, os valores vão de 3 000 reais ao mês a até 10 000 reais.
Apesar de ser um dos principais destaques do retrofit no Centro, o goiano radicado em São Paulo é paisagista e artista visual de formação. Ele liderou o Movimento 90º até 2018, um projeto de impacto urbano que incentivou a criação de jardins verticais e que tem nas laterais da Avenida 23 de Maio o seu principal exemplo. Depois de se desligar do movimento, ele conta que tirou um período sabático e que começou a frequentar mais a Vila Buarque, seu local predileto na cidade. “É a região mais legal de São Paulo. Tem uma infraestrutura urbana muito vasta e foi o local que a economia criativa escolheu para ficar depois do boom imobiliário da Vila Madalena”, afirma.
Para realizar a sua primeira empreitada, ele tirou dinheiro do próprio bolso e ainda contou com apoio de seis amigos. Juntos compraram o prédio FSMJ, na Amaral Gurgel, vazio havia vinte anos, e, após investimento de 4 milhões de reais, fizeram o retrofit do local. Lançado no início da pandemia, em 2020, o FSMJ foi ocupado em seis meses por inquilinos como a pizzaria Divina Increnca, a Livraria Gato Sem Rabo e o Cora, eleito o melhor restaurante variado no guia anual COMER & BEBER de VEJA São Paulo.
Outros projetos se seguiram, e alguns, como o Magdalena Laura, União Continental e o Arinda, levaram mais plantas e cores para a paisagem do bairro (confira acima). Outros três estão em obras. Juntos, os oito empreendimentos tem VGV (Valor Geral de Vendas) de 500 milhões de reais. Ele diz já ter mapeado 21 endereços da Vila Buarque com potencial para retrofit.
Publicado em VEJA São Paulo de 20 de outubro de 2023, edição nº 2864.