Retrofit em prédio da família de Conde de Lara é aprovado pela prefeitura
Outros dezenove projetos estão em análise no programa Requalifica Centro, que tem a intenção de atrair 220 000 moradores
Depois de abrigar escritórios por quase cinco décadas, o Edifício Taquari, prédio assinado pelo escritório de Ramos de Azevedo localizado no número 952 da Avenida Ipiranga, passará por retrofit para receber 120 unidades habitacionais e lojas no térreo. “É uma forma (o retrofit) de recuperar o Centro, que ficou há muito tempo abandonado”, afirma Antonio de Toledo Lara.
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Ele é bisneto do Conde de Lara — e também seu homônimo —, e a recuperação do edifício está sendo feita com investimento da empresa da família, a Taquari Administração de Bens. Seu bisavô foi um dos maiores construtores do início dos anos 1900. Entre outros prédios famosos que Conde de Lara ergueu está o Palacete Tereza Toledo Lara, em homenagem à sua filha e que hoje abriga a sede da Casa de Francisca.
A família decidiu se associar à recuperação do Edifício Taquari após ser procurada pelos interessados na revitalização do prédio, capitaneada pela Citas, uma das empresas que estão explorando o mercado de retrofit e que agora querem aproveitar os benefícios fiscais propostos pelo Requalifica Centro.
Trata-se do quinto projeto aprovado pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento no âmbito da lei, que, entre outras coisas, dá isenção de IPTU para os investidores transformarem imóveis ociosos em projetos que estimulem a ocupação de moradores. Além dos cinco projetos já aprovados (mapa abaixo), que, quando concluídos, reunirão 598 apartamentos, outros dezenove estão em análise. A intenção da prefeitura é atrair 220 000 moradores com o Requalifica Centro.
Para a arquiteta e urbanista Adriana Levisky, conselheira da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), essa política de incentivo à ocupação precisa vir acompanhada de outros elementos, como melhoria nos serviços de segurança, iluminação e passeios públicos. “Essa integração é o grande desafio”, afirma Levisky.
Para o poder público, essa melhoria já vem ocorrendo. “Um novo adensamento populacional e empresarial com certeza dará uma nova vida para esta região, privilegiada por sediar diversos bens arquitetônicos que fizeram e fazem parte da evolução desta nossa cidade”, defende Marcos Gadelho, secretário Municipal de Urbanismo e Licenciamento.
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“Toda vez que um prédio é revitalizado, isso impacta diretamente na região e no entorno, com reabertura de comércios para atender os novos moradores”, afirma o engenheiro Arthur Mendes, um dos cinco sócios da Citas.
A empresa finaliza o retrofit de um outro prédio, o antigo Chrysler, na República, e com projeto do francês Jacques Pilon, o mesmo que assina o da Biblioteca Mário de Andrade. A recuperação do Chrysler resultou em 300 novos apartamentos. A abertura depende do processo de análise em trâmite na secretaria para que ele se enquadre no Requalifica. Além desse projeto, a Citas tem outro em análise na prefeitura, na Rua Líbero Badaró. Todos serão alvo de locação.
As empresas estimam que existam 280 prédios ociosos ou com ocupação igual ou inferior a 40% no Centro. Tal a importância que vem tomando no mercado imobiliário, o retrofit foi o tema do painel de encerramento da convenção do Secovi (Sindicato da Habitação), em agosto, que reuniu representantes da Somauma e da TPA Empreendimentos, já beneficiadas pela Lei do Retrofit.
Publicado em VEJA São Paulo de 13 de setembro de 2023, edição nº 2858