No último domingo (4), Robson Vieira, de 33 anos, foi agredido por três homens enquanto passeava com seu cachorro. O caso aconteceu na calçada da rua Martins Fontes, na Consolação. A situação foi registrada por moradores da região e publicada nas redes sociais.
Robson Gael, um jovem negro e gay, foi agredido por três homens brancos enquanto passeava com seu cachorro na região central de SP por volta das 17h no último domingo, 04.
PublicidadeA homofobia esta cada vez mais presente em nosso dia a dia. Infelizmente. pic.twitter.com/5H6TxFInFV
— Aí que horror 🤦🏿♂️ (@r_camilotti) October 6, 2020
Conhecido também por Robson Gael, o publicitário afirmou que foi agredido por ser gay e negro. “Eu estava andando na rua, eles começaram a me insultar. E aí eu comecei a me defender, enfim, falar também. Eles começaram ainda a gritar comigo, falando palavras ofensivas, palavras homofóbicas”, disse em entrevista ao G1.
A Polícia Civil registrou o caso como “lesão corporal” no 78º Distrito Policial (DP), nos Jardins. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), foi feito um Termo Circunstanciado (TC) sobre o caso. Trata-se de um registro de uma ocorrência de menor potencial ofensivo. A diferença para o Boletim de Ocorrência é que o caso será levado ao Juizado Especial Criminal.
O publicitário ficou indignado com a situação. “Por mais que eu tenha falado e por mais que a minha testemunha tenha falado, não saiu como homofobia e nem tampouco racismo. Inclusive um dos pontos que eu fiquei revoltado e questionei é que no meu boletim de ocorrência entrou como pardo. E eu não me defino como pardo. Eu sou negro”, diz.
No TC, Robson é registrado como a única vítima e os outros três homens como agressores. Os quatro envolvidos na ocorrência foram levados à delegacia pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) e liberados depois de prestarem depoimento.
O publicitário teve ferimentos nos lábios por conta dos socos que sofreu no rosto. Marley, o cachorro, ficou somente assustado, segundo o dono. O ataque só terminou com a chegada da GCM.
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Homofobia e racismo
Robson afirma que sofreu diversas ofensas de cunho racista e homofóbico enquanto era agredido. “No meio dessa confusão toda, os dois ali começam a me bater desenfreadamente e a me xingar, me chamando de preto safado, essas coisas, tem que apanhar, tem que morrer e eu tentando segurar o cachorro para ele não fugir”.
“Um deles partiu mais agressivo para cima de mim. Eu peguei a guia do cachorro e tentei me defender, enfim, essa é a realidade toda. Nesse meio tempo, esse cara, ele conseguiu me acertar”, relatou.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi questionada sobre o motivo de o caso ter sido registrado somente como lesão corporal e não homofobia ou racismo, como foi denunciado pela vítima. Por meio de nota, a pasta informou que o 78º DP registrou o caso como lesão corporal “após análise dos fatos e das oitivas dos envolvidos”.
“A vítima manifestou interesse em representar criminalmente contra os autores, razão pela qual o caso foi encaminhado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal). Durante os depoimentos, não foram relatados outros crimes a serem registrados, no entanto, a Polícia Civil reitera que está à disposição para apurar denúncias de outras naturezas, tão logo elas sejam registradas”, informa a nota do SSP.
Robson disse que seus dois advogados, especializados em causas LGBT e de racismo, vão entrar com ações na Justiça para buscar uma punição para os agressores na esfera cível e criminal.
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