PM usará central de drones para monitorar megablocos de Carnaval de rua
Prefeitura também estabelece mais rigor para evitar entrada de garrafas de vidro em desfiles de rua; número de blocos confirmados cai para 511
Os megablocos de Carnaval de rua de São Paulo serão monitorados pela PM (Polícia Militar) por meio de drones. O objetivo, segundo a corporação, é o de tentar identificar mais facilmente pessoas envolvidas em “problemas”, tais como brigas ou arrastões, por exemplo.
+Morre a jornalista Glória Maria
Outra novidade na organização do Carnaval de rua deste ano é um maior rigor na entrada dos blocos, já que o controle de acesso por meio de gradis será ampliado, com a justificativa de facilitar as revistas. A ampliação de gradis está sendo alvo de críticas de diversos grupos.
Os detalhes da infraestrutura foram apresentados na manhã desta quinta-feira (2) em entrevista coletiva com a participação de representantes da prefeitura e do governo do estado.
+Blocos emitem nota conjunta criticando planejamento do Carnaval
Em um novo balanço, o número de blocos confirmados é de 511, 23% inferior aos 665 que se inscreveram. O número deste ano representa uma redução de 21% no comparativo com a última vez que o evento foi realizado oficialmente, em 2020, quando 644 saíram às ruas. Mesmo assim, a prefeitura diz acreditar que a quantidade de públicos deve ser igual ou superior a da última edição, em torno de 14 milhões de pessoas.
Além do uso de drones para monitorar os megablocos, serão criadas espécie de centrais próximas aos desfiles com equipes de saúde e efetivo da PM, segundo o coronel Alexandre Cesar Prates, comandante operacional da corporação. O objetivo desses pontos é o de facilitar o acesso de ambulâncias até as pessoas feridas. “Teremos imagens online do que estará acontecendo redor do megaevento, identificando pessoas de maneira mais rápida para serem retiradas dos locais que podem ter problemas”, afirmou.
Durante a entrevista coletiva a secretária municipal de Cultura, Aline Torres, minimizou as duras críticas feitas por coletivos que representam os blocos da capital. Na noite desta quarta-feira (1º), eles divulgaram um documento informando que o cenário era de “abandono, na combinada falta de planejamento, ausência de transparência e diálogo mal feito”. “Todos os blocos em algum momento tiveram diálogo com a secretaria”, afirmou a secretária.
Ao comentar a obrigatoriedade de gradis e revista dos foliões para acesso aos blocos, o secretário municipal das Subprefeituras, Alexandre Modonezi, afirmou que os dispositivos servem para evitar a entrada de vidro, especialmente garrafas, que, segundo ele, podem causar acidentes, além de armas brancas. “Vão muito mais [no sentido de] segurança do folião”, afirmou.
O uso dos gradis e a obrigatoriedade de revista preocupa todos, de grandes, a médios e até blocos menores. “As imposições para que isso aconteça é que vão tirando o direito dos blocos de estarem ocupando [os espaços] culturalmente da maneira que tem que ser o Carnaval. O gradil simula um espaço cênico de show. O Carnaval pode até ser um show, mas o bloco não é necessariamente uma banda que quer dar show. Muitos blocos param na casa das pessoas, alguns moradores saem nas janelas e jogam flores, e os gradis impedem isso”, afirma Zé Cury, do Fórum dos Blocos, que representa 200 grupos. Ele diz que não se opõe ao uso desde que seja justificado, como em vias que dão acessos a serviços de saúde.
Estarão disponibilizadas cem ambulâncias, sendo 80 para suporte básico (levar de um local para outro) e outras 20 de UTI móvel. Em relação à zeladoria, a prefeitura informou que pretende liberar as vias no máximo em 40 minutos após o final dos desfiles.