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Plano de combate ao crack interna 995 pessoas em dois meses

Programa Redenção, coordenado por psiquiatra da USP, atende pacientes vindos da Cracolândia, na região central

Por Adriana Farias
Atualizado em 20 jul 2017, 22h29 - Publicado em 20 jul 2017, 19h58
A Praça Princesa Isabel: o novo reduto de usuários (Gabriela Bilo/Estadão Conteúdo)
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O programa municipal para tratamento de usuários de crack intitulado Redenção completa nesta sexta-feira (21) dois meses em operação, com 995 pessoas internadas voluntariamente de 21 de maio até o dia 16 de julho.

Os pacientes são oriundos da região da Luz, no centro, e boa parte estava na Cracolândia, fluxo de usuários de drogas que migrou no fim de maio da região das Rua Helvétia e Dino Bueno para a Praça Princesa Isabel. Atualmente, os viciados estão na Praça Julio Prestes.

Os dependentes químicos foram encaminhados para diferentes tipos de tratamento em centros mantidos não só pela prefeitura, como também pelo governo do estado. Ao menos 580 foram levados para leitos psiquiátricos na Casa de Saúde São João de Deus, na Vila Jaraguá, no Hospital Cantareira, no Tucuruvi, e no Irmãs Hospitaleiras, na Vila Pirituba. Outros 133 seguiram para leitos de hospitais gerais para desintoxicação, 31 para o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), 88 para Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), 41 à Santa Casa para cuidados clínicos antes de entrarem em internações, e apenas um foi levado a uma comunidade terapêutica. Não houve nenhuma internação compulsória ou involuntária.

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Arthur Guerra, coordenador do programa Redenção e do grupo de alcool e drogas da USP ()

Desse total, 74 obtiveram alta a pedido do próprio paciente, outros seis foram liberados por indicação médica e dois necessitaram ser reinternados. No Caps da unidade Helvétia, ao lado de onde está o fluxo de usuários, o serviço entrou em atividade no dia 26 de maio e realizou ao todo 1 267 atendimentos. “Fiquei surpreso, pois estão vindo pessoas até de outros estados e municípios buscando auxílio não só para o crack, como para outras drogas, como se fosse uma forma milagrosa. Eles pensam: ‘vou até lá e, quem sabe, consigo me tratar dessa vez’”, conta o psiquiatra Arthur Guerra, coordenador do programa Redenção.

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Para monitorar a evolução e o desfecho desses tratamentos e estabelecer um perfil dessa população, a prefeitura está trabalhando em parceria com o Hospital Sírio-Libanês na criação de um prontuário eletrônico dos usuários de crack. “Devido à ausência desses dados, fica difícil medir a efetividade dos planos de tratamento traçados para cada pessoa”, explica Guerra, que também coordena o grupo de estudos de álcool e drogas da Universidade de São Paulo. “Não é uma tarefa fácil porque não depende só de colocar as informações num banco de dados virtual, pois muitos dos pacientes perderam seus documentos e são moradores de rua. Então, estamos investindo em tipos de identificações visuais e biométricas, não só pelo RG ou cartão SUS”. A expectativa é de que esse programa de tecnologia da informação esteja em operação até setembro e integre o sistema de outras secretarias, como a de Direitos Humanos, Assistência Social e Segurança Pública.

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O médico Gilmar de Almeida Santos, que presta serviços para a prefeitura na Cracolândia: segundo ele, lixão acumulado na área devido ao tráfico propagava doenças (Leo Martins/Veja SP)

“Agora, a prefeitura está trabalhando em parceria com o estado. Assim, vemos que o programa está indo bem porque há uma forte aproximação entre as equipes”, diz Guerra. A crítica no passado era de que o programa Braços Abertos, comandado pela gestão Fernando Haddad (PT), que visava a redução de danos com oferecimento de trabalho e moradia, e o Recomeço, gerido pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), mais focado no tratamento de saúde, com internação, não estavam integrados.

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