Hamburgueria faz campanha para funcionário haitiano após caso de xenofobia
Pelas redes sociais, sócios da Patties, na Zona Sul, sugerem que os clientes elogiem o serviço do imigrante
Não é todo mundo que conhece a hamburgueria Patties, aberta em abril no Brooklin. O negócio dos sócios Henrique Azeredo, Greigor Caisley e Jean Ponce, que serve hambúrgueres deliciosos a preços atrativos, foi cenário de um caso de xenofobia na terça (11). O funcionário haitiano Bob Joseph, em São Paulo há três anos, ouviu ofensas ao fazer um pedido a um frequentador da praça vizinha à lanchonete.
O imigrante, que desde o mês passado é responsável pela limpeza da Praça Lions, adotada pelo Patties, solicitou que um frequentador do local tirasse as fezes do cachorro com o qual passeava. O recado, porém, não foi bem recebido e Bob foi ofendido por ser estrangeiro. “Os clientes que estavam comendo por lá falaram que, enquanto o homem gritava, Bob não reagia”, conta Azeredo. Entre ofensas de baixo calão, o homem alterado conclamava o trabalhador voltar a seu país de origem.
Na manhã de quarta (12), Azeredo tirou uma foto de Bob e pediu para ele sorrir. Com as imagens, o sócio contou a situação no Instagram stories da hamburgueria e lançou uma campanha. “Não quero dar ibope para gente ruim, então o nosso plano é o seguinte: quem vier no Patties ou na praça hoje, se puder, elogia o Bob, fala para ele o quão feliz está com o serviço dele. O Bob ficou muito triste ontem e como ele não tem Instagram, ele nem vai saber que a gente postou isso. Vamos fazer o Bob sorrir hoje!”
As publicações receberam mais de 400 mensagens via “direct”. “Teve um apelo muito louco. Fiquei com ele na praça, porque ele estava amuado, e muita gente estava indo lá abraça-lo. O pessoal colocou ele para cima. Voltou a sorrir”, diz Henrique.
IDAS SEM VINDAS
Bob foi do Haiti para Manaus em 2016, onde ficou por sete meses. Após juntar dinheiro para comprar a passagem, ele se mudou para São Paulo. Por aqui, ele trabalhou em três lugares diferentes, sendo o Patties o mais recente. Ele não vê a esposa há três anos. Ela e a filha ainda moram no país caribenho. O sonho dele é trazê-las para cá.