Os sete erros que fizeram a Vai-Vai cair para o Grupo de Acesso

Membro da escola do Bixiga há 45 anos, Claricio Gonçalves faz um "mea culpa" de sua agremiação, a mais premiada da história do Carnaval paulistano

Por Ana Carolina Soares
6 mar 2019, 19h05
Carro afetado pela chuva no domingo (2) (Ana Carolina Soares/Veja SP)
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Maior campeã do Carnaval paulistano, com quinze títulos e quase noventa anos de história, a Vai-Vai foi rebaixada nesta terça (6) para o Grupo de Acesso. “Houve realmente muitos erros”, diz Claricio Gonçalves, que ocupou a vice-presidência da escola entre 2007 e 2010 e atualmente lidera o bloco de rua Fuzuê.

A escola apresentou o enredo “Quilombo do Futuro” e alguns integrantes apontaram um possível racismo dos jurados como um dos motivos. “Não concordo, afinal, a vencedora também mostrou um desfile sobre a abolição”, disse Gonçalves, referindo-se à Mancha Verde, que levou seu primeiro título ao homenagear a avó do Zumbi dos Palmares.

Componente da escola do Bixiga há 45 anos, a seguir, ele aponta os sete erros que derrubaram a Vai-Vai:

  1. Acreditar que tradição garante boa colocação: havia um certo clima de confiança nos corredores da escola, poucos cogitavam a possibilidade da escola ser rebaixada um dia, mas os jurados avaliam os desfiles objetivamente e não se comovem com o tamanho da torcida ou o passado da agremiação.
  2. Não tratar a escola como uma empresa: faltou maior cobrança de prazos para entrega de alegorias e outros materiais.
  3. Falta de organização: enquanto as escolas que mais pontuaram estavam com o Carnaval pronto um mês antes do desfile, a Vai-Vai finalizou muitas alegorias na concentração, minutos antes de entrar na avenida.
  4. Falta de criatividade na comissão de frente: se as concorrentes apresentavam bailarinos, atores em uma entrada bem coreografada, a Vai-Vai não apresentou inovações nesse quesito.
  5. Alegorias com acabamentos ruins: a chuva caiu forte antes do desfile no sábado (2). Enquanto os demais carros alegóricos seguiam praticamente intactos, a equipe da Vai-Vai se desesperava nos reparos.
  6. Falta de efeitos especiais: no Anhembi, teve carros alegóricos com LEDs, holografias, trovões, festivais de luzes… Mas a Vai-Vai seguiu na simplicidade.
  7. Achar que fazer um bom desfile garante um bom lugar: hoje em dia, com o altíssimo nível das escolas, ganha aquela que erra menos.
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