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Inaugurada por Alckmin, obra milionária da Sabesp está inoperante

Governo investiu 29 milhões em transposição de água de rio que está seco; Sistema Alto Tietê, que seria beneficiado, sofre a pior estiagem da história

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h40 - Publicado em 17 ago 2015, 16h43
Alckmin inaugura obra Alto Tietê
Alckmin inaugura obra Alto Tietê (Divulgação/)
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Uma obra de 29 milhões de reais da Sabesp, inaugurada pessoalmente pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) há cinquenta dias para amenizar os problemas de abastecimento no estado, ainda não está funcionando. O motivo: o rio onde foram instaladas as bombas que deveriam captar está sem água. 

O objetivo da obra emergencial era levar um metro cúbico por segundo de água do Rio Guaió para a Represa Taiaçupeba, em Suzano, que pertence ao Sistema Alto Tietê. Mas, por causa da estiagem no local, a operação não foi iniciada. “Não há água para retirar do rio”, admitiu o superintendente de produção da Sabesp, Marco Antônio Lopez Barros, durante apresentação no Comitê da Bacia do Alto Tietê.

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No dia 29 de junho, Alckmin foi pessoalmente inaugurar as instalações e, na frente dos fotógrafos e cinegrafistas, ligou as bombas que iniciariam a captação. Na ocasião, o governador afirmou que estava “entregando a primeira das três obras importantíssimas para garantir o abastecimento hídrico durante o período seco”. 

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As outras duas são a ampliação da capacidade de produção do Sistema Guarapiranga em um metro cúbico por segundo, inaugurada em 20 de julho, mas também em “pré-operação”, e a transposição de quatro metros cúbicos por segundo da Represa Billings para a Taiaçupeba, que está três meses atrasada e só deve entrar em operação em outubro.

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“Já era sabido que no período de estiagem não teria essa vazão que eles anunciaram. Com essa seca no Alto Tietê, então, o Guaió não tem nem metade dessa água”, afirma o engenheiro José Roberto Kachel, ex-funcionário da Sabesp e integrante do comitê do Alto Tietê. Ele já havia alertado para esse risco em março. Para Kachel, a obra no rio não vai resolver o problema da região. “Venderam para a população que iam bombear continuamente mil litros por segundo, mas não estão bombeando nada”, diz o engenheiro.

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À época da inauguração, a Sabesp afirmou em nota que a obra era “essencial para garantir o abastecimento da população no período de estiagem, que vai até o fim de setembro”.

Desde a entrega da estrutura, porém, o Alto Tietê perdeu 25,6 bilhões de litros, ou 4,5% da capacidade. Na sexta (14), por exemplo, a entrada total de água na Represa Taiaçupeba foi de apenas 660 litros por segundo, abaixo dos 1 mil l/s prometidos.

Agora, a Sabesp afirma que as obras emergenciais “foram concebidas para aumentar a resiliência do sistema produtor de água, ou seja, para captar água onde estiver chovendo e armazenar onde for possível”. Segundo a companhia, “por causa disso, as estruturas não funcionam a toda carga todo tempo”.

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A empresa afirma que “a previsão de retirada do Guaió para o Alto Tietê, conforme a outorga, é de uma média anual de até 1 mil l/s”, mas “isso não significa que a vazão se mantenha constante nesse valor”. 

A reportagem questionou a razão de a transposição do Guaió ainda estar em fase de pré-operação quase cinquenta dias após a inauguração e qual o volume diário retirado do rio para abastecer o Alto Tietê mas a Sabesp não respondeu. 

Alckmin inaugura obra Alto Tietê
Alckmin inaugura obra Alto Tietê ()
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Perto do colapso

Hoje, o Sistema Alto Tietê é o que está mais próximo do colapso. Sem chuva e com vazão de rios 66% abaixo da média para agosto, atravessa o mês mais seco da sua história e tem apenas 15,8% da capacidade. 

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Até sexta (14), o volume médio de água que entrou nas cinco represas que formam o manancial foi de apenas 3,9 mil litros por segundo, enquanto que o esperado era de 11,4 mil litros por segundo, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

No mesmo período, 14,8 mil l/s deixaram os reservatórios do sistema para abastecer cerca de 4,5 milhões de pessoas na porção leste da Grande São Paulo ou foram descarregados nos rios para manter o equilíbrio do meio ambiente. O resultado é um déficit de 10,9 mil l/s ou 29,2 bilhões de litros no mês. 

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