Continua após publicidade

Setor hoteleiro passa por crise, mas 4 unidades de luxo se instalam na cidade

Com as incertezas sobre o futuro do mercado, projetos apostam em inovação e paciência do longo prazo

Por Pedro Carvalho
2 abr 2021, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No fim de fevereiro, um novo hotel do grupo Hilton se instalou em uma ruazinha dos Jardins, a quatro quadras da Avenida Paulista. Inaugurado com diárias a partir de 750 reais (mais taxas), o empreendimento tem móveis de Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha e, no restaurante, pratos como a ostra defumada com geleia de caju. O destino leva a marca Canopy, a bandeira de lifestyle do conglomerado Hilton, supostamente voltada a turistas que “querem se sentir um morador” da cidade — na prática, é um degrau menos luxuoso que os top de linha da rede.

    Publicidade
    Fachada e bar do Canopy, inaugurado em fevereiro
    O Canopy, inaugurado em fevereiro nos Jardins: aposta em serviços que vão além da hospedagem (Pedro Carvalho/Fran Parente/Veja SP)

    No fim de semana passado (27 e 28), o Canopy decidiu suspender temporariamente as reservas, afinal São Paulo se encontra na fase mais devastadora da pandemia de Covid-19 (os hotéis, considerados serviços essenciais, podem seguir abertos). Não tinha nenhum hóspede naquele momento. É um bom resumo do dilema que o setor enfrenta na cidade: projetos grandes e luxuosos chegam por aqui, enquanto o próprio empresariado do segmento tem dúvidas sobre o futuro das viagens para a capital.

    Publicidade

    O Canopy não está sozinho na aventura. O Cidade Matarazzo, megaprojeto encabeçado por um empresário francês nas franjas da Avenida Paulista, promete inaugurar ainda neste ano o Rosewood Hotel, que vai ocupar o prédio da antiga maternidade Condessa Filomena Matarazzo. Os 46 quartos já contam com os mármores dos banheiros e a brasserie está praticamente pronta, o que inclui paredes com pinturas de Fernando de La Rocque, um dos cinquenta artistas que terão obras exclusivas no local.

    Continua após a publicidade

    +Assine a Vejinha a partir de 6,90.

    Publicidade
    Vista aérea do Cidade Matarazzo, que contém os desativados Hospital Umberto Primo e maternidade Condessa Filomena Matarazzo
    Vista aérea do Cidade Matarazzo, que contém os desativados Hospital Umberto Primo e maternidade Condessa Filomena Matarazzo (Renato Chaui/Divulgação)

    O grupo Fasano também tem duas inaugurações no radar: um hotel no Itaim — onde a grife pretende mesclar seu público de grã-finos aos executivos da Faria Lima — e outro anexo ao Shopping Cidade Jardim, cuja estrutura será “acoplada” à fachada do empreendimento da Marginal Pinheiros. (O projeto do Itaim inclui uma torre residencial onde os apartamentos custam 43 300 reais o metro quadrado e estão 83% vendidos.)

    Continua após a publicidade
    Projeto do futuro Fasano Itaim
    O futuro Fasano Itaim: grupo vê pouca concorrência no segmento (Divulgação/Divulgação)

    O setor do turismo, porém, lança prognósticos sombrios sobre o futuro da atividade. A capital sempre dependeu, em grande medida, das viagens de negócios. “Elas garantem mais de 70% das hospedagens”, diz Orlando de Souza, presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, que representa 104 hotéis em São Paulo.

    Publicidade

    Para Orlando e outros porta-vozes do setor, o filão corporativo terá problemas mesmo após a pandemia. “Ele será duramente afetado por fatores como o home office, a resistência de grandes empresas às viagens de executivos e o colapso do mercado de eventos, um dos mais afetados na crise”, diz Gervásio Tanabe, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas. “A tecnologia supriu necessidades das empresas. O turismo corporativo não voltará a ser o que era”, completa Ricardo Roman Júnior, presidente da divisão paulistana da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis. “Isso vai afetar a hotelaria toda, porque os clientes serão disputados pelos hotéis corporativos mais vazios.”

    Continua após a publicidade

    Para não terem o fim do Four Seasons (que em dezembro fechou a suntuosa unidade inaugurada dois anos antes perto do Shopping Morumbi), os projetos apostam em inovação e paciência. “São tacadas de longo prazo. São Paulo tem poucos hotéis que oferecem nossa experiência”, diz Constantino Bittencourt, sócio-diretor do Grupo Fasano. “Estamos otimistas. Vamos oferecer serviços que vão além de um hotel comum, como o wi-fi gratuito para a vizinhança e eventos artísticos”, conclui Cristiano Viola, gerente-geral do Canopy.

    Publicidade

    +Assine a Vejinha a partir de 6,90.

    Publicidade
    Escada em espiral do luxuoso Four Seasons
    O luxuoso Four Seasons: fechado em dezembro (Marcelo Justo/Divulgação)

    Hotel, sim. Mas sem o parque

    O Cidade Matarazzo, projeto que vai revitalizar uma área de 27 000 metros quadrados próximo à Avenida Paulista, deve inaugurar seu hotel neste ano (destaque e visão aérea da maternidade Condessa Filomena Matarazzo, acima). Nas últimas semanas, porém, os responsáveis pela iniciativa anunciaram uma baixa.

    Publicidade

    O empreendimento não terá mais o Parque das Flores, um bulevar que ligaria o complexo à Paulista. Em dezembro, a arquiteta Adriana Leviski, responsável pela concepção do parque, disse a Veja SP que o investidor francês Alexandre Allard estava prestes a desistir da ideia, por causa de associações de moradores que se opunham à proposta. (Ela classificava o parque como “um presente de 130 milhões à cidade”.) Dito e feito. “Pela reação das entidades, entendemos que é melhor cancelar por ora (o parque)”, ele publicou em anúncio na última semana.

    Projeção do Parque das Flores
    Projeção do Parque das Flores: cancelado (Divulgação/Divulgação)

    +Assine a Vejinha a partir de 6,90.

    Publicado em VEJA São Paulo de 07 de abril de 2021, edição nº 2732

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital
    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de São Paulo

    a partir de R$ 39,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.