Movimento viraliza após pedir “limpeza” de mendigos em Higienópolis
Página do grupo "Me devolva Higienópolis" no Facebook foi retirada do ar após a repercussão negativa

Uma página do Facebook chamada “Me devolva Higienópolis” foi retirada do ar nesta segunda-feira (14) após a repercussão negativa provocada nas redes sociais, com acusações de ser “higienista”. O perfil, criado por moradores do bairro nobre de São Paulo, protestava contra a proliferação de mendigos e pedia uma “limpeza” na região.
“A gente quer uma solução para não ter moradores de rua, assaltantes, e zumbis da Cracolândia acampando e sujando o nosso bairro”, diz o psicólogo Isidoro Boris Eizenman, de 68 anos, que fazia parte do grupo. Ele chegou até a personalizar a foto do seu perfil, ao fazer uma montagem com o nome do movimento.
Eizenman mora no Higienópolis há mais de cinco décadas e diz que, antigamente, não havia moradores de rua vivendo por lá. “Essas pessoas sujam muito, defecam na rua, reviram lixo. O Higienópolis já não é mais aquele lugar onde você não encontra morador de rua por aí”, afirmou o psicológo. Assim como Eizenman, várias outras pessoas escreviam na página com reclamações semelhantes às dele.
O movimento viralizou nas redes sociais com a acusação de ser preconceituoso. “As madames resolveram criar um grupo pra destilar o chorume do higienismo chamado ‘Me Devolva Higienópolis’, escreveu o perfil Nitonff, no Twitter.
Eizenman, por seu lado, afirma que o movimento é higienista mesmo.
“Claro que é. Qualquer morador que paga os impostos que pagamos não quer sujeira no lugar. Não quer ver gente deitada tomando a calçada”, disse. “Fico indignado. Porque a gente aqui paga um IPTU exorbitante. E até aí, normal. Porque onde mora gente de classe diferenciada esse imposto é mais caro mesmo. Mas a prefeitura não dá retorno em nada. Esse é o problema”.
Essa iniciativa relembra outra bastante semelhante que também despontou no bairro em 2011, em reação à construção de uma estação da Linha 6-Laranja do Metrô em Higienópolis. Na época, moradores afirmavam que o novo metrô levaria “gente diferenciada” para a região. O projeto da Linha 6-Laranjá prevê ligar a Brasilândia, na Zona Norte da cidade, ao bairro de São Joaquim, no centro.