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Máximo Ravenna, guru argentino do emagrecimento, faz sucesso na cidade

A propaganda boca a boca de pacientes transforma  a clínica do médico portenho em uma das mais badaladas da capital

Por Carolina Romanini
Atualizado em 1 jun 2017, 17h12 - Publicado em 23 out 2014, 23h59
Pacientes Ravenna
Pacientes Ravenna ( Ramon Vasconcelos/)
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Às 7 horas de uma quarta-feira, cerca de quarenta homens e mulheres lotam a Máximo Ravenna, uma das clínicas de emagrecimento mais badaladas do momento na metrópole. Localizado na Avenida Rebouças, o espaço reúne consultórios, restaurante light, salas de exercícios e de eventos. Ainda falta uma hora para o médico portenho que dá nome ao empreendimento subir ao palco, mas tem início ali a disputa pelas melhores cadeiras.

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Ao longo de outros sessenta minutos, o grupo ouvirá puxões de orelha do argentino de jeitão truculento e pinta de cantor de tango. Ele vive em Buenos Aires e aparece por aqui a cada três meses para conferir a evolução de seus seguidores. Na palestra aos pacientes, quando começam os desabafos ao estilo “engordei porque meu pai adoeceu”, Ravenna corta o chororô. “O gordo de dieta é igual a um drogado em abstinência: está sempre à procura de motivos para se drogar”, afirma.

 

Além do tom de quartel-general, outra diferença em relação a programas motivacionais como Vigilantes do Peso e Meta Real é o preço: enquanto nestes a matrícula custa 60 e 120 reais, respectivamente (mais taxas semanais de 30 reais em ambos), no endereço do especialista estrangeiro são desembolsados roliços 790 reais no momento da adesão mais 1 916 reais por mês. Estão incluídas no serviço consultas com clínico geral e nutricionista, além de ginástica de baixo impacto.

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Quem quiser almoçar no restaurante do lugar pagará à parte os 43 reais da refeição, composta de pratos leves, a exemplo do risoto de quinoa. “O cardápio é bem elaborado, sem o frango esturricado, que é o pavor das dietas”, diz Moema Soares, sócia na unidade paulistana. “Mas são opções de baixa palatabilidade, ou seja, não saborosas a ponto de você querer repetir”, explica Ravenna.

Restaurante Clínica Ravenna
Restaurante Clínica Ravenna ()

Segundo ele, entre as clientes da clínica na Rebouças estaria gente como Luiza Helena Trajano, dona de uma das maiores redes de varejo do país (procurada, a empresária não quis comentar o assunto). Os resultados, propagandeados boca a boca pelos pacientes, fizeram a fama da filial paulistana, aberta em 2010. Com cerca de 1 000 frequentadores assíduos, é hoje a campeã de faturamento entre catorze unidades da rede pelo mundo, com presença em países como Espanha, Paraguai e Uruguai. Uma das adeptas do negócio por aqui é a analista gerencial Gabriela Nemoto, de 22 anos. “Perdi 69 quilos em nove meses”, orgulha-se. “Falta apenas mais 1 quilo para chegar à meta.” O difícil, relata, é controlar-se quando sai com os amigos. “As pessoas se sentem incomodadas se você recusa um petisco.”

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Sucesso entre os paulistanos, a dieta ganhou adeptos em Brasília. A presidente Dilma Rousseff (PT) aderiu ao regime espera perder treze quilos. Boa parte do peso já se foi, como ficou evidente nas últimas vezes em que a mandatária apareceu publicamente. O sucesso com a petista levou o médico a usar uma imagem dela para divulgar um evento que realizará no próximo dia 4 de março em um resort em Encarnación, no Paraguai. 

Os promotores do evento estão distribuindo um cartaz que apresenta o médico como “o guru de famosas personalidades”. Ao lado da foto da presidente está a foto de Susana Giménez, apresentadora de TV mais conhecida da Argentina. 

Dilma Ravenna
Dilma Ravenna ()

O sucesso da dieta em Brasília não se restringiu a Dilma. Alguns ministros também passaram a seguir os mandamentos do argentino, entres Eleonora Menicucci (Mulheres), Miriam Belchior (ex-Planejamento) e José Eduardo Cardozo (Justiça). 

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Em termos de formulação, o método está longe de ser revolucionário. São liberadas cerca de 900 calorias por dia, com foco na eliminação total dos carboidratos. De acordo com o cardápio, até o macarrão integral deve ficar fora da mesa. Só são permitidos carboidratos com baixo índice glicêmico, como frutas, verduras e legumes. “Ele empacota de forma nova uma dieta já consagrada”, entende João Eduardo Nunes Salles, diretor da regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Máximo Ravenna
Máximo Ravenna ()

Além de uma clínica que mais se parece com um clube, com vários serviços oferecidos no mesmo endereço, Ravenna investe pesado na autoajuda. Estudou psicoterapia depois de se formar clínico geral. No contato direto com o público, nunca trata os pacientes como coitadinhos. A frase “se você estivesse de bem com a vida, não estaria gorda” é uma de suas máximas (veja no quadro abaixo).

O especialista abriu a primeira clínica em Buenos Aires em 1993, depois de trabalhar por quase duas décadas em um spa nos arredores da capital argentina. Percebeu que hóspedes voltavam a engordar logo depois do internato. “Eles se sentiam desamparados. Saíam de um lugar com apoio 24 horas e retornavam para casa, onde podiam atacar a geladeira.” Decidiu, então, investir no tratamento multidisciplinar sem pernoite, ou seja, encaixado na rotina. O criador do sistema reforça que seu principal objetivo é evitar de qualquer maneira os remédios e a cirurgia bariátrica. Apesar do sucesso de seu negócio na capital, não pensa em engordar os lucros com a abertura de filiais por aqui. “Já perdi muito dinheiro tentando aumentar a rede a todo custo”, justifica.

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Máximas do especialista

Frases ditas pelo médico argentino em reunião com os pacientes

– “Se você estivesse de bem com a vida, não estaria gorda.”

– “O gordo de dieta é igual a um drogado em abstinência: está sempre à procura de motivos para se drogar.”

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– “Você pode cortar o estômago fora, mas, se não tratar da cabeça, vai engordar novamente.”

– “A comida não vale tanto a ponto de você acreditar que ela vai curar as suas mágoas. Você vale mais.”

– “Estar gordo não é o maior problema da sua vida. Existem muitas outras dificuldades irreversíveis. Então, resolva o que está ao seu alcance.”

– “Não minimizo a depressão, só não dou a mão para ela.”

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