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Ex-mendiga ajuda a reverter a má fama do Castelinho da Rua Apa

Maria Eulina Hilsenbeck já se abrigou na decrépita construção nos Campos Elíseos e atualmente ajuda 300 sem-teto na ONG Clube de Mães do Brasil

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 12h22 - Publicado em 20 jun 2015, 00h00
Maria Eulina Hilsenbeck
Maria Eulina Hilsenbeck (Renato Pizzutto/)
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Natural da pequena São José dos Basílios, no interior do Maranhão, Maria Eulina Reis Hilsenbeck deixou o sertão nordestino em 1971 para “tentar a sorte na cidade grande” — no caso, São Paulo. Sem emprego, teve de morar na rua e, por várias noites, dormiu no abandonado Castelinho da Rua Apa — a decrépita construção nos Campos Elíseos tem fama de mal-assombrada desde os anos 30, quando um triplo homicídio dizimou a família que morava ali. Após dois anos na miséria, Maria arrumou trabalho em uma fábrica de laticínios e, algum tempo depois, casou-se com um executivo da empresa.

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A virada em sua trajetória, porém, não a fez esquecer de seu antigo abrigo. Em 1993, Maria criou a ONG Clube de Mães do Brasil, que oferece uma oficina profissionalizante de costura e distribui refeições à população sem-teto do centro. Logo no início das atividades, pediu autorização ao governo federal, então responsável pelo imóvel, para usá-lo como sede. “É meu dever ajudar outras pessoas a recuperar a dignidade e reverter a má fama do Castelinho”, afirma. A concessão veio em 1996, das mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso.

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Até hoje, no entanto, não foi possível utilizar o local. As quase oito décadas sem manutenção levaram a construção a um estágio avançado de deterioração. Com a ajuda de voluntários e até de moradores de rua, Maria ergueu um prédio anexo ao endereço, com uma sala de costura no andar de cima e uma loja no térreo. Sua batalha para ocupar de vez o lugar pode terminar nos próximos meses com um final feliz. A associação deve receber neste ano uma verba de 2,7 milhões de reais da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo para reformar a estrutura do lugar. Aí, quem sabe o movimento que auxilia hoje 300 pessoas afaste definitivamente os fantasmas do edifício. “A verdadeira monstruosidade é um espaço grande em uma região crucial ficar abandonado por tantos anos”, entende Maria.

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