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Luz acesa

Uma noite dessas, ao sair, um amigo se surpreendeu com a sala toda acesa: — Você não vai apagar a luz? Sem jeito, desliguei. Lembrei dos meus tempos de menino. Sempre tive o péssimo hábito de deixar lâmpadas acesas. Mamãe reclamava: — Olha a conta! Não somos sócios da companhia elétrica! Luz é energia. Uma […]

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 18h12 - Publicado em 2 abr 2011, 00h51
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  • Uma noite dessas, ao sair, um amigo se surpreendeu com a sala toda acesa:

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    — Você não vai apagar a luz?

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    Sem jeito, desliguei. Lembrei dos meus tempos de menino. Sempre tive o péssimo hábito de deixar lâmpadas acesas. Mamãe reclamava:

    — Olha a conta! Não somos sócios da companhia elétrica!

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    Luz é energia. Uma energia limitada. Quando se gasta demais aqui, falta ali. Quase todas as pessoas que eu conheço estão preocupadas com a defesa do meio ambiente. Agora, com o risco nuclear no Japão, não faltam discursos contra as usinas atômicas. Boa parte das necessidades energéticas do país depende delas. E aqui no Brasil se vive sob o risco de um apagão generalizado, porque, quanto mais o país se desenvolve, mais recursos energéticos são necessários. Constatei que muitas pessoas que discursam sobre a proteção do meio ambiente na vida prática são tão ausentes quanto eu. Esquecem de apagar a luz. E a água? Na academia vejo alunos que deixam o chuveiro ligado. São pessoas de bom nível, alta escolaridade. Mas não sabem fechar uma torneira! Desperdiça-se água no banho, ao escovar os dentes.

    Tenho horror da poluição. Mas sou incapaz de deixar o carro em casa. Mesmo para pequenas distâncias. Outro dia me surpreendi com um conhecido: sai de Interlagos e pedala a bicicleta pela ciclovia. Só no final da pista pega o trem para o trabalho.

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    — Se a ciclovia fosse mais longa, nem trem eu pegaria mais — afirmou.

    Senti admiração. Eu poderia caminhar até a academia. Seria um bom exercício.

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    — São Paulo tem pouco verde! — comentou uma amiga.

    — Por que o seu quintal é cimentado?

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    Ofendida, ela retrucou que falava da falta de parques, de ruas arborizadas.

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    — O poder público tem de se preocupar!

    — Mesmo um pedacinho de chão pode virar jardim — argumentei.

    Há bairros áridos, sem verde algum. A Granja Viana é um bairro com muitos jardins, árvores e até reservas florestais. Até lá ganhei um vizinho de frente que reclama das minhas árvores. O motivo? As folhas que, levadas pelo vento, caem em seu quintal!

    — Que absurdo! — disse para um amigo.

    — Paulistano é assim mesmo, gosta de cimentar tudo!

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    Atualmente estou reformando minha futura residência. O arquiteto veio falar comigo.

    — Que tipo de aquecimento? E as cortinas, por controle remoto?

    Escolhi o solar, do tipo mais radical, que não usa energia elétrica jamais. Mostrei minhas mãos:

    — É com elas que vou abrir as cortinas!

    O arquiteto se espantou. Hoje em dia se colocam motores e controles em tudo! No meu atual endereço, quase enlouqueço quando vários maquinários resolvem ficar defeituosos ao mesmo tempo!

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    Radicalizei:

    — Quero o mínimo de automação possível. Só para economizar energia!

    Choquei meus amigos ao contar minhas decisões. Um deles lembrou:

    — Mas é para seu conforto!

    Justamente. Em nome dos pequenos confortos, costuma-se abdicar do de todos. As pessoas se acomodam. E fogem da sua responsabilidade, mesmo mínima, na preservação do meio ambiente.

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    Minha casa será à antiga. Mas não correrei o risco de ficar com as cortinhas emperradas porque o motorzinho quebrou. Ou de gastar água demais lavando o quintal, porque nele terei um jardim!

    Um amigo esportista me deu a boa notícia:

    — Assim é melhor para sua saúde! Quanto mais controles remotos a gente usa, menos se movimenta. E ganha uns quilinhos.

    Sinto que começo a entender meu lugar no mundo. Não posso resolver todos os problemas da Terra. Mas sim viver de forma positiva. E com uma vantagem extra: vou emagrecer um pouco mais.

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    Blog do Walcyr

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